quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ciúmes¬¬



"Meu bem me deixa sempre muito à vontade

Ela me diz que é muito bom ter liberdade
E que não há mal nenhum em ter outra amizade
E que brigar por isso é muita crueldade"
(Ultraje a Rigor -Ciúme)



Ontem ela passou a manhã toda no meu quarto, queria minha atenção. Já eu não estava lá tão disposta para brincar, coloquei algumas músicas do Lulu Santos e fiz a girafa de brinquedo dela dançar. Depois ela me mostrou como se arrota de mentirinha e logo veio falando que a Hane passaria na casa dela para brincar no dia seguinte, no caso hoje. Que fique claro que eu não gosto da Hane.
Mudei o assunto, mostrei algumas fotos no computador, vocês deviam ver como ela fica fofa falando coisas românticas do tipo "como você está bonita, quem se apaixonou por você?". Ficou bonita até que voltou a falar "você se esqueceu que a Hane vem brincar comigo amanhã?". Como se eu quisesse lembrar.


Hoje chego em casa para jantar, ela toca a campainha e repete a coisa da Hane. Tá tá tá. Logo a menina aparece, e assim como a Sophia, ela veste uma quantidade excessiva de rosa. As duas exibem para mim os chinelos novos, iguais e cor rosa. Coloco uma quantidade enorme de comida na boca fingindo desinteresse. Pergunto por que não tenho um daqueles, tem até um gatinho desenhado. Explicam que o chinelo que tinham dava calo no pé. Mentira, mil vezes mentira. Replico falando que o meu também dá calo no pé e preciso de um chinelo rosa com desenho de gatinho para usar. Elas me chamam de mentirosa, incrível como falam juntas de um jeito quase ensaiado. Abaixo a cabeça e murmuro um "vocês nem viram como está meu pé para saber".


Logo, a minha pequena mostra um cordão que fiz questão de nem olhar muito. Tento até olhar de longe, é um cordão da amizade. Eu não tenho um cordão da amizade. Sophia fala que não tenho um cordão igual ao delas porque tenho um de borboleta, sim, eu perguntei por que eu era a única que não tinha um cordão da amizade. Tenho sim de borboleta, mas não é da amizade.


Alessandra, mãe da Sophia, chega a cozinha para conversar com a minha avó. As meninas começam a cochichar, me excluindo do assunto. Não importa, estou comendo. "Mãe, a Hane quer ver o quarto dela", Sophia berra e a Alessandra fala para irem. Elas correm para o meu quarto. O que essa garota quer ver no meu quarto? Se eu soubesse teria usado um lençol rosa na cama, só para ela ficar babando. Passam correndo sem nem olhar para mim, eu sentada olho tudo de canto de olho.

-Alessandra, essa menina não devia andar com a Sophia. - aponto com o garfo em direção a porta da saída -Má influencia, vejo isso. Dá para sentir o cheiro de longe, vai levar sua filha às drogas.

- Ela tem cinco anos, para de ser ciumenta.

- Todo mundo defende essa Hane, depois não fala que eu não avisei....


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Diagnóstico

Num retrato-falado eu fichado
exposto em diagnóstico.
Especialistas analisam e sentenciam:
-Oh, não!
(Los Hemanos – Retrato pra Iaiá)


As mãos dela suavam, o coração batia cada vez mais forte, andava dispersa, fazendo tudo errado, esquecendo de tudo o tempo todo. Ultimamente não sentia muita fome, o estômago andava cada vez mais embrulhado. Todos diziam que ela estava apaixonada,
até que ela morreu.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

satisfação [3]

Debruçada no balcão da padaria, com seu macacão jeans e tênis roxo cantando e batucando na perna e esperando a mulher fazer seu suco de abacaxi. Estava com aquela sensação irritantemente feliz.
Três meninos conversam sobre qual Coca-Cola está mais gelada e qual seria a quantidade perfeita de presunto para o lanche da tarde. Um senhor pede um café expresso para viagem.
Todos se encontram na fila do pão, ela, os meninos e o senhor. Ela ainda estava cantando. Um dos garotos não entende, olha algumas vezes pro rosto dela e tenta decifrar o que ela diz.”Até quem me ver,lendo jornal, na fila do pão, sabe que eu te encontrei”,o senhor ao lado escuta, melhor seria que não estivesse escutado, ela canta muito mal.
-Está apaixonada? – o senhor pergunta enquanto pega o pacote com cinco pães.

-Que isso...é que eu sempre quis cantar essa música dentro da padaria. É tão conveniente. –ela responde.


*****

Dois posts hoje e um bom final de semana pra vocês.

Nada que seja meu

Existe uma necessidade de ser boa o bastante. Boa o bastante como filha, para um determinado garoto e boa o bastante para Deus e um ministério. Tudo por mérito em mim, por ser o que sou e ponto. Como se eu pudesse me esforçar para conseguir louvores. Um orgulho que não faz sentido algum.
Não existe em mim essência ou fundamento de ser porque simplesmente sou. Não existe em mim algo que seja meu. Não tenho nada, nem méritos, nem louvores. Não tenho formas de pagar uma dívida e ser independente. Não posso simplesmente cumprir leis e obter uma boa nota que me faça ser merecedora do Paraíso.
No entanto, por mais que me esforce o fracasso sempre chega. De qualquer forma vou decepcionar pessoas, isso sempre acontecerá. Não conseguirei ser perfeita, tudo é em vão. Jogo a toalha e vejo que não posso fazer nada sozinha e por mais que consiga algo, no fim cairei do mais alto que pensar que estou.
Noto em tudo sou fraca, não sou o suficiente e nunca serei o suficiente. Assumo o que sou,me rendo e minha ajuda vem dos céus quando peço “O Senhor tem que fazer isso. Não consigo.” e entrego toda a minha “não essência” em suas mão, os problemas e meus temores para que enfim, nEle eu seja forte e capaz. Não por mim, mas por Ele.



“Não está fazendo essas coisas para ser salvo, mas porque ele já começou a salvá-lo. Não está esperando ganhar o Paraíso como recompensa das suas ações, mas quer inevitavelmente agir de uma determinada forma porque já tem dentro de si os primeiros e tênues vislumbres do Paraíso.”
(C.S. Lewis- Cristianismo Puro e Simples)



*****

Eu não vou mudar não,eu vou ficar são
Mesmo se for só não vou ceder
Deus vai dar aval sim,o mal vai ter fim
E no final assim calado,eu sei que vou ser coroado
Rei de mim.

(Los Hermanos -De onde vem a calma?)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Loucura,ilusão e um sentido.

Existem dois pontos sobre a loucura, isso é o que penso. Existe o ponto em que nós somos os loucos e o ponto onde acham que nós somos os loucos. O problema sobre a loucura é saber quem o é para que se possa mudar o sentido da história.

É mais uma daquelas questões sobre saber o que é ilusão e o que é esperança. Onde a esperança nos torna sãos novamente. A resposta só é encontrada na certeza que vem de dentro de si. Essa certeza ninguém pode ter além de nós quando nos for mostrado a hora.


*****


Um final de semana que pode ser incrível e despertar sensações terríveis. Foi um misto de me sentir amada e completamente só. Foi como ter certeza de amigos em uma sexta e notar no sábado que um dia eles vão embora. Falo isso pelo Sávio e o vazio que senti em saber que ele se foi. Eu não deveria fazer força para não chorar, mas não conseguir sorrir é um fato.


Pra onde você foi, não sei, faz frio?
Tem sexo ou é vazio?
Da correnteza ao rio?
Ou uma luz?

(Cidadão Quem –Jimi)


*****




Desculpem pelo post tão mal formulado.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Músculos por empadas

Para os que não me conhecem bem ou não me conhecem nada, saibam então que trabalho em uma academia. Isso não é novidade, vai fazer um ano agora em dezembro.
Já matriculei aproximadamente 598 alunos nesse tempo. Além desses 598 alunos, existem os que voltaram a malhar, existem os que param ,existem os que eu desejo intensamente que desistam e existem os que não desistem desse esporte ingrato de forma alguma. No caso, mantemos a média de 500 alunos em nossos longos e suados meses.
Nessa coisa toda de alunos e músculos até pensei “Poxa, deve ser muito bom malhar”. Só pensei mesmo e não tive interesse algum em tirar a prova real. Até que me pareceu lógico começar a malhar já que não pagaria nada. Enfim comecei, motivada pela pressão, por um surto e a desculpa idiota de não precisar pagar. E sim, nessa época todas as pessoas do mundo estavam malhando e imaginei a Terra povoada por homens sarados e mulheres com a bunda (inclusive a minha) do jeito que sempre sonharam.
Para constar caso alguém ainda não tenha concluído o notório: não sinto tesão algum por atividades físicas. Tirando caminhada, gosto muito de caminhar. Carregar peso em adutora, abdutora, extensora, flexora, halteres, supino ou qualquer coisa dessas, bom, já disse, não gosto.
Então pensei “Poxa, isso vai melhorar minha saúde e capacidade física.”, que foi o papinho que os meninos jogaram para mim quando estava desistindo. E isso até me fez enrolar mais tempo, tipo uma semana. O mais fácil foi pensar em ficar gostosa, ir para o lado negro da força e pensar em coxas grossas. Gostosa em uma cidade praiana, há. Engordei três quilos pensando assim e foi um milagre, acredite.
Porém, ser gostosona nunca foi prioridade nessa vida e em outras que nunca tive e não terei. O ultimo suspiro foi a tentativa de chegar até 50 quilos (sim,não peso nem 50 quilos,okay?) e doar sangue. Seria uma boa atitude, mesmo faltando apenas um quilo e alguma coisa. Seria altruísta e lindo da minha parte. Ta, não consegui. Não consegui mesmo e desisti de tudo. De usufruir academia, da saúde, do corpo, de doar sangue. E fiquei paradona quieta e enrolando todo mundo que me cobrava por longos quatro meses.
Até resolveram me desafiar. Sacana, veio falar que eu não faria nem duas semanas seguidas sem desistir. Ousadia a dele pensar que sou tão sem vontade. Mas que puxa! Duas semanas?
-Quer apostar que eu consigo? - falo realmente indignada.
-Aposto, duas semanas. - responde convicto.
-Quer apostar que consigo mais que isso? - eu estava realmente indignada.
-Três semanas? - ele cede.
-Seu fraco. Um mês?
-Um mês.
- E a gente está apostando o que?
-Uma bala.
-Pensa pequeno assim? Que tal três empadas?
-Três empadas?
-Fechado?
-Fechado. - ele aperta minha mão fechando o acordo.
Há. Alguém acredita que vou perder? São empadas gente!

*****

Quem disse que meu blog não consegue conquistar novos leitores? Não comuniquei antes, mas sim, a Ana Cecília está entre nós. E acreditem se quiser :ela está gostando. É bom ter sua aprovação Ana.
E não deixando de fora, mais uma nome composto: Cícera Laiza. Ela ainda está sendo conquistada, mas um dia ela se rende. Até porque, não sou tão ruim assim.


*****



Pronde vai?
Todo nosso desalento
 Toda brisa vem de um vendaval
 Pronde vai a reza cortada por sono 
Ela vale? 
Me fale... me de um sinal!

(O Teatro Mágico - O que se perde quando os olhos piscam)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

! sobre como somos fortes

-Você vai chorar?Ele a abraça forte como se fosse protegê-la de todos os males do mundo.
- Êita mania de achar que vou sempre chorar...-Você vai chorar, não vai?
-Vou, vou chorar. Mas não na sua frente.

*****


I'll make you what I never was
If you're the best, then maybe so am I
Compared to him compared to her
I'm doing this for your own damn good
You'll make up for what I blew

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

p/ nós

(...)

Darei a você isso, meu amor, e não vou mais pechinchar ou barganhar. Vou amar você, com a certeza com que ele me amou. Irei descobrir o que puder descobrir e, embora você permaneça um mistério, salvo para o conhecimento de Deus, o que eu descobrir de você manterei na câmara mais quente de meu coração, na mesma câmara em que Deus guardou a si mesmo em mim.

E farei isso até a morte, e até que a morte chegue.

E a amarei como Deus, por causa de Deus, fortalecido pelo amor de Deus. Irei parar de esperar seu amor, cobrar seu amor, negociar seu amor, jogar por seu amor. Irei simplesmente amar. Estou me dando a você, e amanhã farei isso novamente. Suponho que o próprio relógio passará um mau pedaço antes que eu acabe de neste altar de morte e novamente morte.

Deus se arriscou em mim. Irei me arriscar em você. E juntos iremos aprender a amar e,talvez,então,e apenas então, a compreender esta gravidade que o puxa para nós.

*****

Escrito de Donald Miller, retirado do livro Blue Like Jazz - nonreligious thoughts on Christian spirituality” ou, como no Brasil foi lançado: Como os pingüins me ajudaram a entender Deus - pensamentos pós modernos sobre espiritualidade.
Faz sentido para mim.

*****

“Vou mostrar pra minha senhorita
Como é dançar sem se cansar...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

.dias de cor.

- Disseram que estou diferente desde que voltei de viagem.
- Isso é ruim?
- Acho que não. Dizem que meus olhos brilham e que meu sorriso está bobo...
-Fala que foi porque passou o final de semana comigo e eu te faço feliz!
- Falei que foi a experiência de pisar na lama, aquilo foi realmente estranho...
- A lama? Que boa desculpa...
-Passar o final de semana contigo foi realmente bom. Você anda tão fofa...
- É que o fato de estar estranhamente feliz é recíproco.
- Então deve ser isso mesmo. Você não pisou na lama, pisou?


*****
Minha flor, meu amor, minha menina
Solidão não cura com aspirina



*****


Para que você saiba
que pensamentos não cabem em mim.
que seu abraço, apertado, quieto e demorado me faz sorrir.
como ter esperança me trás mais vida e parece que tudo tem mais cor

E como eu queria que você pudesse se sentir assim também.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

satisfação [2]

Veio lutando com o guarda-chuva até o portão de casa. Não sabia exatamente o por quê de insistir tanto em ficar seca. Adora chuva, ela adora andar na chuva e sentir a água batendo no seu rosto. Antes de entrar se deu conta desse absurdo e fecha.
Ele vem correndo logo em seguida, completamente molhado, se apressando para encontrar um abrigo. Entra pelo portão e sobe as escadas onde chega a um lugar coberto.
Ela fica parada, no segundo degrau, com o guarda-chuva fechado e com o sorriso do tamanho do mundo. As gotas que pareciam molhá-la devagar, como se fizessem carinho.
“Isso é muito, muito bom”, fala sorrindo olhando para ele. “Isso é a melhor coisa do mundo”, fala sorrindo e fecha os olhos sem nem pensar sair do lugar.
Ele ali apenas olhando, seguro debaixo da cobertura que antecede a segunda porta. “Isso é realmente um sorriso. Uma criança feliz!”.
Ela sobe as escadas devagar ainda sorrindo. Entram pela porta. Ele chama o elevador. Ela aperta o botão do andar dela e do andar dele. Ele chega.
“Até nosso próximo encontro casual”. Ela ri.
“Até.”


*****


Ela vem chegando de branco, meiga, linda, pura e muito tímida
Com a chuva molhando o seu corpo
Que eu vou abraçar
E a gente no meio da rua, do mundo, no meio da chuva
A girar

Sequência bem clichê

- sobre chuva
Chuva. Logo vem a vontade de ficar em casa. De não fazer nada. Bom...apenas deitar no sofá, ver um filme, comendo pipoca. Não importa quantas vezes vá chover em toda sua vida, você vai pensar nessa cena milhares de vezes. E acredite: quando puder colocar o pensamento em prática (sofá, filme, pipoca) você vai acabar fazendo algo completamente diferente.

-sobre falta de luz
Acendemos as velas e logo começamos o papinho dos velhos tempos onde luz, televisão, computador não existiam e o mundo era mais feliz.

-sobre como somos críticos
“O problema da sociedade...”

-sobre amor
Eu preciso de você.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

dia seguinte

Acordo. “Merda”, penso. Ainda está cedo demais. É domingo, seis da manhã. Ando pela casa, volto para a cama. Olho o celular, mensagens e bateria acabando. Volto a dormir.
Acordo novamente. “Merda”, penso. Sem vontade de sair da cama. Ainda oito e meia da manhã. “Não preciso levantar agora. Não vou levantar agora...”,penso. Não estou me sentindo bem. Vontade de ficar enrolando o dia todo ali. Fica quente, tiro o cobertor. Mudo de posição. Durmo. O celular desperta. Desligo o despertador. Volto a dormir. Acordo, o celular tocando. Fico ali parada. Atendo. Tenho que levantar, tenho que arrumar mala, tenho que almoçar com os meninos...
A vontade é de me empanturrar de doce. Ficar o dia todo em casa. Dá vontade de chorar em algumas horas. Preguiça de respirar. Preguiça de comer. Meu olho está inchado?E meu coração fica apertado dentro do peito. Parece que terminei com o namorado...Fazem o favor de me lembrar que nunca terminei com o namorado. Mas sim,estou na fossa porque meu irmão casou.


*****


Não me culpem por afirmar que você é o melhor de três.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

satisfação

Chegaram no portão juntos, ela abre e segura para ele entrar. Ele ri. “Os homens que costumam fazer isso”, fala ao notar que ela se dirige até a próxima porta onde segue com o mesmo processo. Conversando, ela chama o elevador. Quando chega, abre a porta novamente. Ele entra e aperta o botão do andar dele e dela, como se fosse a única coisa que pudesse fazer para mostrar sua educação de homem.
Ela fecha a cara e fala, “Eu gosto de apertar o botão do elevador!”. Ele ri. “Na próxima vez eu deixo você apertar o meu e o seu”, o elevador para no andar dele.Quando a porta fecha, ela aperta o botão do seu andar, novamente.E ri realmente com satisfação de tê-lo feito.


*****
She's got a smile that it seems to me
Reminds me of childhood memories
Where everything was as fresh
As the bright blue sky
Now and then when I see her face
She takes me away to that special place
And if I stay there too long

*****



Lembre que um sonho não volta atrás...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Codinome beija-flor

Posso te perder de mim, em alguns instantes penso nisso. Não como daquela vez que você sumiu e me deixou desesperada escutando as ligações frenéticas da sua mãe. Mas dói de uma forma parecida.
Pode ser estranho, um medo bobo. E seria como se em algum momento de lucidez você olhasse para mim e pensasse que definitivamente não sou nada daquilo. E que é melhor deixar para lá. Sem folhas soltas. Sem músicas no fone de ouvido e significados implícitos. Sem deixar mas o verão pra mais tarde.
Como se você descobrisse e não aceitasse. E mesmo que eu ficasse triste em te perder, você não iria querer me entender em silêncio e não me faria deitar no seu colo dentro de um ônibus de viagem...

É esse impacto todo que resolvemos causar. É esse medo todo do nosso carnaval acabar. E quando vier a ressaca, quando vier aquela quarta-feira de cinzas...




*****

Enquanto eu penso você sugeriu

um bom motivo pra tudo atrasar

E ainda é cedo pra lá

chegando às seis tá bom demais

Deixa o verão pra mais tarde

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mário,vento&momento

Desci com Mário até as plantinhas dele. Ele chama aquilo de horta. Eu chamo aquilo de canteiro. Mas não brigamos por isso. Ventava um vento que só venta em Vila Velha. Mas o vento foi parar lá na horta do fedorentinho. O que quero que saibam sobre Mário, é que ele tem os olhos mais lindos que já vi.
Foi para molhar as plantinhas que descemos. Tínhamos o cheiro de terra molhada, o vento, o meu vestido balançando, os lindos olhos de Mário e eu falando o triplo de gírias que o costume...
Meu braço estava muito molhado de tanto brincar com a água das plantinhas. Ele estava cansado de ficar apoiado na muleta e me chamou para sentar na escada que vai do chão a lugar algum. Uma coisa que preciso que saibam sobre Mário,
é que ele é um chorão.
Conversamos. As plantinhas precisavam de um tempo a sós com a água delas. Ele começou a falar. E uma coisa que não esperava escutar dele eram palavras românticas. Apesar daqueles olhos e um lindo sorriso, não esperava que ele falasse coisas belas sobre amor e tal.
O que ele me falou não era uma declaração, confissão ou qualquer coisa do tipo. Mas o que ele falou sobre amor era amor. Entende? Ele falou que apenas estaria com uma mulher se a mesma amasse mais a Deus que a ele. Isso não saiu da minha cabeça. Ele falando que se ela amasse a Deus mais, ela não sofreria tanto. Porque ele erraria muito, ela se decepcionaria, ele a magoaria cedo ou tarde. Mas Deus não faria isso e ela estaria segura. Uma coisa que quero que saibam sobre Mário, é que ele diz coisas belas.
Eu fechei os olhos em algum momento. Tinha um vento gostoso e o cheiro de terra molhada. O que ele disse fez tanto sentido... E eu me senti segura. Não pelo Mário sorrindo do meu lado. Mas pelo que ele disse...
Logo estávamos falando sobre tatuagens e ele me chamou de conservadora ou de velha ou qualquer coisa assim pelo fato de não ter a cabeça raspada e uma tatuagem no seio esquerdo. Fiquei com raiva. Falei que as plantinhas iam morrer afogadas. Subi para comer biscoitos. Ele chama biscoitos de bolachas. Mas não brigamos por isso.
Uma coisa que gostaria que soubessem sobre Mário,
é que ele consegue fazer bons momentos, mas sempre estraga tudo falando besteira..

*****

Se existe um lugar

Onde eu possa estar

Pra ficar perto de ti
Me diga

Se há algo a fazer que me leve além...

sábado, 17 de outubro de 2009

! sobre o que não se fala tudo

Não importam poesias e músicas. Não importam músicas e textos. Não importam textos e palavras sussurradas ao pé do ouvido. Se quem escreveu foi Shakespeare, Camões, Drummond, o chamoso Quintana ou o gostoso Chico Buarque. Se é sobre o amor, depois de tantas observações, articulações, declarações, pronunciações ou recitações e (pasmem!) depois de quaisquer definições sabe-se que se olha e se pensa: “Bom, mas não fala tudo”. E ri, porque é essa é a graça. Nem Sinatra definiria o que se passa...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

! sobre os momentos de solidão

Does anybody hear her?
Can anybody see?

Ninguém é uma ilha cercado de si mesmo e ninguém acorda pela manhã arquitetando o melhor jeito de ser sozinho pelo resto da vida... Na verdade a gente acorda pensando se seria hoje o ultimo dia de sermos apenas nós. Se esse dia irá chegar? Talvez. E esse talvez não é tanto uma dúvida, é mais uma esperança.

*****

“Quando se está só
O silêncio é mais profundo
As noites são mais longas
O frio mais intenso
E até a própria sombra parece estar mais junta
Como se soubesse
Quando se está só”

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

! sobre aqueles momentos

-Estou tento um daqueles momentos onde tudo é tão bom e tão perfeito que a gente chega a ficar triste porque sabemos que nunca nos sentiremos tão felizes assim novamente. Assim, como nesse momento.

E ela falava isso segurando um copo duplo de café.


*****

How glad the many millions
of Annabelles and Lillians
Would be to capture me
But you had such persistence,
you wore down my resistance
I fell and it was swell
I have got a crush, my baby, on you


*****

Line, feliz aniversário!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

~Enleio

Todos falavam muito e muito alto. Não podiam, mas era assim que estavam: agitados e berrando. As crianças não paravam quietas e alguns pais que por ali estavam a ajustar a fantasia de seus filhos tentavam de quando em vez acalmar os mais tensos. A professora com a voz mais irritante se esforçava para organizar uma fila na ordem de apresentação. A bailarina atrás da borboleta que ficava atrás de um menino Chaplin. Da coxia dava para escutar os aplausos da apresentação anterior, a garota vestida de passarinho começou a chorar nesse exato momento.
Um garotinho magro estava fantasiado de baleia perto do menino gordinho que se vestia de Pinóquio. O primeiro tentou engolir o segundo sem muito sucesso, até que um outro fantasiado de Gepeto fez ameaças segurando um nariz de madeira postiço. Os três foram colocados sentados com uma advertência da professora branquela de decote inapropriado.
No canto estava um menino quieto, talvez o único que tentava se concentrar. Nas mãos um rascunho com letras que visivelmente não eram dele. Repetia baixinho as frases de uma poesia de Drummond, era uma surpresa que seu pai e ele haviam planejado para sua mãe e ele tentava fazer de tudo para gravar.
-Que é que vou dizer a você? Não estudei ainda o código de amor. Inventar,não posso. Falar,não sei. Balbuciar, não ouso. – dizia baixo sem olhar para o papel. Conferiu se estava certo, a palavra “balbuciar” fazia com que ele se perdesse e continuou –Fico de olhos baixos. Espiando, no chão, a formiga.Mais palmas, agora era a vez dos meninos que ainda brigavam com um nariz de falso de Pinóquio. Ele escutou muitos risos logo no começo da apresentação destes. As pessoas estavam se divertindo com a nova versão onde Gepeto salva Pinóquio na boca da baleia que por sorte consegue ficar pelo menos com o nariz.
O pequeno poeta começa a se achar ridículo com o terno e a pensar que tudo era uma péssima idéia. Ele ia gaguejar, sua mãe não ia gostar e todo mundo riria porque estava fazendo feio.
-
Você sentada na cadeira de palhinha. Se ao menos você ficasse aí nessa posição. Perfeitamente imóvel, como está....- as pessoas ainda estavam rindo do Gepeto que nesse momento agradecia o favor que a baleia tinha feito de diminuir o nariz de seu filho – Uns quinze anos...Só isso...Palmas, mais palmas e risadas altas. Os meninos saem do palco e entram na coxia rindo de tudo e correm para beber água onde começam uma guerrinha com a própria no bebedouro. A coordenadora gorda de cabelos loiros chama o menino uma, duas vezes. Ele quase desiste de levantar e ir até o palco. Nervoso resiste ao máximo a olhar para outro lugar que não seja o chão. Até que escuta uma música vinda do piano e olha para o lado. Seu pai sorria para ele, tocando baixinho ....-Então eu diria, Eu te amo. Por enquanto sou apenas o menino. Diante da mulher que não percebe nada. Será que você não entende, será que é burra? – termina corajosamente de dizer todos os versos . Não se sentia tão ridículo com o pai ali. Procurava com os olhos viu a mãe em meio a tantas palmas, ela tinha um sorriso travado no rosto, era o sorriso preferido dele...o de orgulho.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

[Aos momentos em que somos iguais]

‘todo mundo é parecido quando sente dor’

As pessoas se movimentavam com frenesi, procuravam uma pela outra dentre tantas. Mais um desmoronamento. Todos desnorteados, muitos inertes em desespero. O bombeiro que chegara a pouco no local encontra uma criança que quieta chora. Oferece ajuda, e pergunta quem ela procura. A menina responde que se perdeu da mãe na hora de fugir dos destroços que caiam. Pegando essa pequena pela mão, leva até um lugar mais alto onde desse para ver melhor as pessoas.
Todos estavam sujos com a poeira dos escombros, outros tantos feridos e poucos que chegaram para ajudar nos socorros. O bombeiro coloca a menina no colo e pergunta
,“Como ela é? Está vendo em algum lugar?”. A pequena esfrega os olhos cheios de poeira, olha para o bombeiro e aponta perdida para as pessoas cinzas no lugar “Eles se parecem tanto...”.

*****

Hoje às 16 horas o meu irmão poderá mudar o perfil do Orkut de "solteiro" para "casado". Ele se casa no civil com a dona Carol e oficialmente terei uma cunhada...

*****

Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

the storm in me

"Who am i?
Would choose to light the way,
For my ever wondering heart."
Who am I- Casting Crowns


Estávamos sentados no carro aqui perto de casa, tínhamos acabado de comer pizza ,ele veio me trazer como de costume e falávamos de como meu tênis roxo é bacana (mãe,comprei!).Daí fiquei quieta, sabe? Não tinha pensado na possibilidade de falar alguma coisa, estava escutando a música “Who am I” e lembrando do significado da letra. Ele tem o costume de traduzir as letras, mas como já conheço essa de tanto escutarmos, ele apenas comentou o quanto é linda e não dei um feedback. Rafael, meu psicólogo (ele não é meu psicólogo, mas é psicólogo e tem umas manias de psicólogo) perguntou se eu ia ficar em silencio daquele jeito ou se iria falar algo.“Estou quieta hoje.”, falei pensando em outras coisas que só Deus sabe. Mas bem, vocês não conhecem Rafael, ele não aceitou minha desculpa. Deve ser por isso que às vezes sinto medo dele, faz perguntas demais sobre coisas que não consigo pensar e não aceita minhas respostas quando acho que são válidas.
Foi bisonha a cena dele falando que eu não estava quieta, estava entalada. Foi desastroso porque ele imitou uma pessoa entalada, meio que asfixiando. E a risada dele é muito hilária, a cena ficou bem trash. Mas mesmo assim não consegui fazê-lo acreditar em mim.
Não troco meus pensamentos por reinos, não é o costume, não são tão preciosos. Tudo bem que ele nem me ofereceu seu reino pelos meus pensamentos, talvez concordasse que não são tão preciosos assim. Fiquei quieta olhando pro nada, novamente, como se não tivesse levado em consideração o que ele quis dizer com o dito popular
-“quando a boca cala, o corpo fala e quando a boca fala, os órgãos saram”.Olhei meus olhos no espelho do carro, estavam lindos, e notei o quanto estava entalada. Notavelmente. Então cedi e falei...Porque se tenho ficado assim é a confusão que no fundo tudo se encontra. Eu sei que é confuso, eu sei que é demorado. Tenho razão de às vezes achar que tudo perde o rumo, as coisas às vezes parecem perder o rumo. E não posso fazer nada, mas eu confio. Eu sei. Eu espero. Deus sabe que eu esperaria, ele sabe quando sou chata e bobona. As coisas apenas estão contidas e me deixo pensar que estou apenas quietinha hoje... Mas estou aqui,apenas escutando uma música e tentando parar de pensar em quem sou eu e o que será, mas tentando pensar em quem Tu ÉS que isso basta se eu acreditar.


*****
O Lucas vai casar e está chegando o dia...

*****



A saga mais envolvente está chegando ao fim.

Ainda existe uma esperança.

A TERRA DE BABEL

(assista o trailer, clique aqui)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Tola imaginação


Tenho uma quedinha pela história de Abraão por causa do sonho que ele tem de ter uma família, com filhos lotando a casa branca com janelas azuis, um labrador desengonçado... Isso porque faz parte de um sonho meio sentimental que tenho, ter ma família tão minha. Se Deus chegasse e falasse que eu teria uma descendência tão numerosa quanto as estrelas que estão no céu, meus olhos teriam lágrimas o suficiente como as gotas de água do oceano. Isso foi bobo, mas é bobo meu sonho.
Sendo que nem Abraão que era Abraão teve uma história cheia de cenas lindas e maravilhosas. Sinceramente tenho repulsa por ele mentir sobre sua mulher, falando que era sua irmã e ela acabar lá com o faraó. Foi tão ridículo, tão perverso! Ele se deu uma boa desculpa, ele pensou que era o certo porque estava com medo. Fez um cálculo e tirou conclusões erradíssimas. Poxa!
(nota da autora 1: detesto pontos de exclamação, mas não pude evitar, fato.)
Será que ele não entendeu que essa promessa era tão intima? Deus daria uma terra, sem mentiras. Deus daria filhos, sem mentiras. Deus daria sua grande nação, sem mentiras e sem que sua mulher tivesse que fazer sexo com o faraó. Ele acreditou em sua idéia estapafúrdia, tirou conclusões sobre a possível atitude do faraó sem pagar pra ver o que seria. E no final das contas o faraó morreu de raiva porque Abraão, o cara da promessa do livro de Gênesis, foi um idiota com sua mulher... Que tipo de cara “dá” a mulher?

Mas faço isso também porque sou ótima de desculpas esfarrapadas e sou mais medrosa que Abraão e sou tão capaz de esquecer que minha vida foi criada para um propósito lindo quanto ele. Existem diversas formas de se prostituir e cada uma escolhe a sua. Existem várias formas de se desviar de Deus apenas deixando sua imaginação vagar. Somos capazes de cometer barbarias por nossos medos e ainda achamos que temos razão. Somos capazes de viver algo sem sentido por simples medo de ficar sozinhos. Somos capazes de dar as coisas que mais significam para nós (acho que a mulher dele significava alguma coisa, apenas acho) por medo.

Achar demais com Deus é um erro. Tentar arranjar desculpas demais com Deus é um erro. Ter criatividade demais para idéias estapafúrdias com Deus é tenebroso. E apenas quando ele se tocou que no final das contas não devia questionar é que ele começou a parecer com a pessoa que eu curto, o Abraão patriarca. Ele aprendeu que Deus ia zelar por ele, por Sarah, por Isaque. Até quando o maior sacrifício fosse pedido, Deus cuidaria. Ele parou de achar, foi honrado com descendentes e eram mais numerosos que as estrelas do céu. Ele só precisou parar de imaginar as coisas...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mesmo que por vezes,fim

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti”
O mundo sempre vai desabar, e desabará milhares de vezes sobre nossas cabeças. Vamos perder o chão, vamos chorar, vamos nos ver sem um plano, sem direção. Tudo o que pensamos que seria, não será. Isso vai acontecer, e depois quando tudo estiver bem, o mundo desabará novamente.
Tentaremos remontar os pedaços jogados no chão e depois de um bom tempo desistiremos sabendo que a solução é criar tudo novo, do zero. Vamos insistir sempre em fazer planos e a sonhar que eles dêem certo, nos importaremos tanto que nos decepcionaremos todas as vezes que falharem E é assim que o mundo vai desabar, porque acreditamos que um dia as coisas vão acabar bem. Nesse dia onde se espera que os bons tempos virão.

*****
Uma pessoa em um blog incomoda muita gente.
Quinze pessoas num blog incomodam muito mais.


*****

O Durval no post anterior conseguiu me chamar de gostosa sem ninguém reparar. Ou vocês acham que eu tenho alguma outra coisa parecida com a Dona Lourdes?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Apenas uma para Dona Lourdes

Conversei com um psicólogo sobre a possibilidade de apagar algumas pessoas de nossa cabeça, não que eu quisesse te apagar de mim, longe disso. Estávamos apenas conversando. Você sabe que gosto dessas coisas meio loucas, apesar de achar cruel querer tirar alguém da gente, seja lá quem for o causador de tal vontade.
Ele explicou que quando conhecemos alguém a lembrança que temos dessa pessoa não fica em um lugar específico no nosso cérebro, ela fica entranhada em tudo que é parte da gente. Como se virássemos um pouco da pessoa, como se tivéssemos essa pessoa dentro de nossa fala e gestos. Claro que ele explicou tudo isso de um jeito muito mais interessante, mas dá para entender bem o que isso significa.
Então, nessa viagem toda de ter uma mente sem lembranças, imaginei o que em mim mudaria caso não tivesse você. Ou o que em mim não seria se tivesse te perdido dentro da minha cabeça.
Claro que continuaria sem comer legumes e verduras, não ia comer mais doces do que como hoje e meus olhos continuariam castanhos. Mas não aprenderia o que é pensar nos outros antes de pensar em mim ,mesmo que em alguns momentos isso se torne difícil. Talvez até aprendesse, mas não veria isso de uma forma tão pessoal.
Eu não seria nada vaidosa, apesar de ainda não ser o suficiente para ficar tão bonita quanto você... Não saberia como é divertido ver televisão e criticar a televisão, assim, ao mesmo tempo. Meu senso de humor não seria o mesmo. Minha confiança não seria a mesma. Não me sentiria tão segura quanto me sinto hoje. E provavelmente não sentiria facilidade de perdoar as pessoas, isso de fato aprendi e não abro mão.
Tenho parte de você entranhado em mim, não apenas geneticamente. E é bom saber que tudo o que você trouxe está em minha vida para me tornar uma pessoa melhor.

*****


Esse texto é para a minha avó, foi aniversário dela ontem. Queria também pedir desculpas por uma poesia que fiz sobre ela na quarta-série que em uma rima a chamava de velha. Antes ela não era nem tão velha, agora eu posso até falar essas coisas...

terça-feira, 28 de julho de 2009

after the curtain

Não era uma típica garota que trocava confidencias, assim, por nada. Negava o fato, mas talvez fosse uma pessoa fechada e não reservada. Fora pega de surpresa por perguntas que não estavam planejadas como se tudo o que seria dito fosse arquitetado antecipadamente. Nunca imaginava que um dia seriam feitas, não por ele.
Perguntas pessoais a intimidam. São nitidamente diferentes de quando as pessoas dão um espaço para falar de sua vida. Com espaço você fala que gosta de suco de cupuaçu e sorvete de maracujá. Com perguntas, só nos cabe responder.
Podia ter negado, podia ter deixado que ficassem soltas no ar e que assim fossem perdidas e esquecidas. Não o fez, se sentiu desafiada. Sem mentir e fugir. Fugiu de si, tirando da mente as coisas planejas. Descobriu em sua frente alguém que levava muito a sério essa coisa de fazer perguntas, levou a sério a questão de responder. Uma curiosidade ou outra, sem interesse. Apenas curiosidade por tudo e nada, ao mesmo tempo.
Alguns lugares onde as perguntas iam nem seus pensamentos haviam um dia habitado. Não queria falar sobre o que ela sentiu no momento “x”, sobre o que a incomodou quando “y” foi dito, se houve um motivo para “z” não acontecer, se ela acreditou quando “xyz” foi explicado por “d”..Recusava-se pensar em algumas coisas, levava diretamente para o arquivo morto. Alguns outros pensamentos não precisavam ser ditos, mas hoje foram. Era engraçado dizer sentimentos que se mostravam confusos... O autor das interrogações não se incomodava, explorava cada vez mais.
Tudo terminou bem,sentiu que não devia ter dito tanta coisa. Tanta coisa tão sua. Ele não parecia ter notado o quanto tinha entrado em sua vida. No dia seguinte, quando se viram novamente ela ficou corada, seu rosto vermelho, completamente sem graça. Brincou com o fato disso ter acontecido. Mas sabia ela que o problema não era com o questionador, mas seus pensamentos e as coisas que sentia a faziam enrubescer. Ela pensou no fim de tudo que havia um bom motivo para ter evitado psicólogos até hoje.
*****
Eu estou feliz, realmente feliz. Não sei o que Deus quis dizer me lembrando de algumas coisas, mas ele me lembrou e esqueceu de dizer o que isso significa. Tanto faz (blow away), a gente caminha na praia para ver se vai fazer sentido em algum momento.Eu estou feliz,realmente feliz². Obrigada pela semana! Curti o momento, a dois, a três, a quatro!

terça-feira, 21 de julho de 2009

O que se torna

"I used to rule the world

Seas would rise when I gave the word
Now in the morning and I sleep alone
Sweep the streets I used to ow"



A gente realmente se deixa cair em ciladas, e chegamos em um ponto de nossas vidas que tentamos lembrar em que parte do caminho decidimos que as coisas tomariam esse rumo. Provavelmente não decidimos isso, a gente nunca decide diretamente, mas a gente decide. É muito sutil, acontecem acontecendo. Sem assinaturas em um papel, sem mais nada. Vamos chegar e falar “Você acha que eu planejei que isso aconteceria?”,provavelmente não. Deixou acontecer. Você não é menos culpado por isso.É muito óbvio e ao mesmo tempo não. É nisso que minha cabeça fica matutando quando paro para rever textos antigos, para pensar em coisas que esqueci. Penso nisso quando me vejo fazendo besteiras que não parecem tão besteiras assim. Quando quebro meu código de ética. Quando esqueço dos meus valores e esqueço da garota de coração acelerado que eu era. É nisso que penso quando me vejo...
Uma vez escutei que faço parte das pessoas que enxergam o que poucos vêem. Não sou assim hoje, não vejo isso nem em meus escritos (e olha que posso manipulá-los). E não sei em que parte do caminho furei meus olhos. Aconteceu simplesmente e sabe-se lá se a cegueira é passageira.
Chegamos ao segundo ano do blog, alguém sabe dizer se mais inteiro ou pela metade? Mas chegamos com a simples sensação que está na hora de ser novamente. Simplesmente ser tudo o que devíamos ser. Lembrar das coisas que esquecemos e tomar o caminho certo quando nos deixamos levar por coisas que acontecem. Saímos do “porque algumas coisas ficam assim”, deixando o fato de notar que “algumas coisas não valem mais a pena ficar assim” e partimos para uma revolução pessoal, uma questão de retomar uma luta esquecida.
*****

Paulinha está dormindo aqui, eu estou tentando não fazer ela acordar e querendo que ela acorde. Mas ela não vai acordar, ela dormiu tarde. Eu nem vi quando ela foi dormir... Eu queria me desculpar pelas furadas de ontem, mas é melhor estar em furadas com ela ao meu lado.
*****

Buscai primeiro o Reino de Deus e
todas as outras coisas continuarão sendo coisas.