quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um conto.

( por: Gladson Dalmonech, em seus incríveis Curtíssimos Contos)

Calcei o tênis e saí pra correr no calçadão da praia. O mar, gigante, se fingia de morto. Ninguém ali, só eu e a chuva. E me misturei àquela tempestade que socava meu rosto. Como um boxeador que não se entrega, fui em frente. As pessoas nas janelas dos prédios, olhando-me, deviam pensar: ”lá vai um louco.” E eu era. Por isso fugi de casa, por isso botei fogo no apartamento, por isso matei quem estava lá, por isso estou aqui correndo. A chuva vai lavar minha loucura. Lá na frente espero encontrar essa pessoa que era eu. Aí, eu paro. Se não, continuo correndo.

*****

Aspire os meus erros e os jogue fora.
Limpe os vestígios, lustre os absurdos...
Com esforço talvez se tornem glórias.