segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A gente sente algumas coisas sobre a gente. Alguns sentem orgulho, outros vergonha, outros sentem tanta, mas tanta vergonha que já não são mais nem eles. São outros. E outros não precisam sentir vergonha para não serem eles. Alguns nunca souberam quem são ou o que foram. Tem gente que ao descobrir se mata, tem gente que ao descobrir se torna mais ele do que nunca tinha sido na vida.
Eu? Eu sinto decepção pelo que tenho sido e isso não tem nada a ver com o meu mau humor de hoje. Juro.
Já fui uma pessoa melhor, nunca exemplar, mas era melhor.Uma amiga melhor, uma filha melhor, uma neta melhor, uma dona de casa melhor, uma crente melhor...
Sabia exatamente o que devia fazer, e se não sabia eu tinha a certeza que logo saberia,mais ou menos como o Nicolas Cage em O Vidente , isso incluindo o cabelo despenteado.
Mais criativa, o que me rendia bons textos, textos alienados, mas eram meus textos. Eu os estimava. Achava que de alguma forma era a única coisa que eu sabia fazer de bom e que um dia ia usar isso pra alguma coisa.
Meu senso de humor era melhor. Delirava sem tomar chá de cogumelo e conseguia o fazer antes de ser viciada em cafeína. Antigamente eu não tinha gastrite. Eu dormia melhor. Eu era mais confiante. Eu errava menos. Sorria menos forçado. Sonhava mais.
Minhas opiniões eram levadas em consideração, não apenas por mim. Sentia mais prazer em pensar nas coisas que eu penso e as pessoas já sentiram mais prazer em escutar as coisas que penso.
Até faço umas tentativas para ser positivista, sei que não sou boa nisso, mas tento, então até penso que posso ser melhor que isso, de alguma forma eu posso. Mas como?



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Aos que permanecem aqui faço a vós um convite à loucura.


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"Cuida de mim enquanto não esqueço de você,
enquanto finjo que sou quem eu queria ser."



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Se posto hoje... então o próximo post deve vir daqui a uma ou duas semanas. Todo mundo já reparou como as coisas estão funcionando por aqui e acredito que já se acostumaram, assim como eu.


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Viajo pro Rio de Janeiro quarta-feira,dia 30 de janeiro,22:45, poltrona 17. De lá vou para Maricá ( carnaval ). De Maricá vou para Niterói pegar o ônibus de quarta-feira, dia seis de fevereiro, 18:15,poltrona 15.

domingo, 6 de janeiro de 2008

No outro lado

Estava deitada na cama há algum tempo. Não sentia sono, mas era bom ficar ali olhando para o teto branco e para o movimento do ventilador. Tudo o que havia feito durante a tarde se passava como um filme em sua cabeça, desde o sorvete que tomou sozinha na rua depois de enfrentar a fila do banco até a última chateação do dia que ainda estava entalada em sua garganta. Coisas normais, coisas da rotina.
Fazia tempo que as ligações para ele haviam saído do seu costume e por um momento sentiu vontade de pegar o telefone e ligar. Não estava tarde, não tinha nada para fazer, ligar seria o ideal. Mas, o que diria?

Virou-se de bruços na cama, chegou o travesseiro para perto do corpo e com força o abraçava. Realmente queria ligar. Queria falar como tinha sido o seu dia e perguntar coisas rotineiras sobre viagens, Deus, música, livros... queria fazer as piadinhas ridículas e implicar com o jeito com que ele ri e por nunca se lembrar de detalhes importantes.


Sentou na cama e ficou olhando para o telefone na mesinha de cabeceira. Sabia que essa vontade era normal, ela entendia de onde vinha, mas não seria o mesmo com ele. Talvez estivesse até ocupado.
Era bom conversar com ele,ele a fazia bem e essas eram as coisas que nunca poderia dizer. Essa era a explicação.

Pegou o telefone e se deitou. Precisava de um pouco de coragem. Talvez se ligasse fingindo querer saber alguma coisa,então se a conversa não fluísse poderia acabar falando “bom, era só isso mesmo” e desligaria sentindo um pouco de raiva...
Olhou para o telefone pensando que seria muito bom se ele tocasse agora e uma voz do outro lado começaria uma conversa dizendo “boa noite”,talvez. Mas não aconteceria, a voz teria que ser a dela.


Digitou os números quase desistindo e dava voltas no quarto enquanto chamava. Chamava. Chamava. Mas ninguém atendeu,o telefone voltou para a mesinha de cabeceira e ela a observar o ventilador rodando.


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A Gil está em Itaperuna nessa semana. Amanhã é aniversário dela e fica aqui os parabéns. Por amanhã e pelo dia nove de janeiro, o dia em que foi registrada.


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A Aline Farias não consegue comentar no meu blog. Pensei em dar umas aulinhas para ela de como mexer no computador, talvez assim ela consiga comentar direitinho.


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Pastor Paulo Zarro disse para eu registrar nos anais do meu blog toda a chantagem emocional que ele tem me feito nessas duas últimas semanas. Ele está certo quando cita “O pequeno príncipe” dizendo: és responsável pelo que cativas.
Eu não deveria mesmo ter o direito de ir... Mas ele não deveria ser tão cruel.


Obrigada pelo carinho.

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Sei que muita gente não vai gostar do texto,mas ele tem seu valor. Tenho tido que tirar a inspiração do nada depois que parei com o café em sua quantidade exagerada.


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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Do pouco que sobrou.

Minhas certezas eram ainda muito pequenas quando por um desastre caíram no ralo durante um banho e pararam no esgoto de Nova Iorque onde cresceram criadas por crocodilos. Não existem crocodilos no esgoto? Diz isso para elas...


Não importa o quanto negue, quanto desvie, quanto ignore. Não importa quantas vezes eu fale que não existe, o quanto eu disfarce, elas existem e nada mais pode tirar a convicção. São mais que simples negações, são minha fé. Meus sonhos. Minhas esperanças.


Mesmo que me perca nelas, e como me perco nelas...Mas são meus conhecimentos exatos em todo o seu absurdo. Minhas certezas....as maiores, as mais promissoras, as que mais estimo, as que guardo a sete chaves em um cofre blindado, onde vivem meus maiores medos, meus demônios.


Não posso negar, por elas eu faria isso mil vezes...


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Foram horas que passou em frente a um caderno tentando se lembrar de tudo o que havia planejado para o ano e tentando fazer um levante de coisas que ganhou e coisas que perdeu. A caneta em suas mão se movia rapidamente como se tivesse vontade de escrever, vontade própria de escrever coisas boas, se possível, as muitas coisas que lotariam o papel e fariam crer que valeu a pena.
Não se lembrou de nada do que havia feito. Nada do que aprendeu. Não se lembrou de quem conheceu e quem foi embora.
Levantou, foi para o quarto e ligou o som e dormiu.


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Hoje temos o primeiro post do ano no 4º dia do ano. Queria esperar muitas coisas de 2008 e seus 365 dias (agora já 361), mas só espero poder fazer melhor que isso.
E o bom de “só esperar isso” é que isso é tudo o que posso querer e fazer.

”Não sei se vai mudar algo, na verdade acho que promessas não valem mais nada para mim...E é aquilo: algumas coisas nunca vão mudar, mas acredite no que quiser...

O meu bisabô em seus oitanta e poucos anos começou o ano me dando boas dicas de como fazer as coisas melhorarem. Incrível a sua visita surpresa de hoje. E como é incrível ele não perceber a importância das coisas que ele disse...É senhor Roberto Jardim...

[mas entre tudo isso, começamos o ano muito cruéis...muito muito cruéis.]


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Hoje eu vou de Los Hermanos. Ia com o "Ultimo Romantico",desisti. Pensei em "A flor", desisti. Então, vamos de "Casa Pré- Fabricada". Espero ter escolhido bem...
Engraçado, a Maria Rita consegue estragar qualquer música deles...já repararam?!


"Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota"

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Não podia deixar de dizer que nesse dia, o mais quente do ano por sinal (como o calor está insuportável!) é aniversário do meu caro Elvino...Quem é Elvino? É o mais antigo leitor do blog e ex-comentarista do mesmo. [poderia dizer muitas coisas, mas ele sabe e isso basta.]

Aqui eu te limito a ficar pela metade, mas lá você sonha com o que quiser...
Se eu tivesse asas...http://paradigma.blog.terra.com.br