sábado, 30 de setembro de 2017

psicólogos

a gente recebe a dor o tempo todo,
sabe?
a dor senta em nossa frente
"de onde ela vem?"
recebo tanta dor todos os dias...
e não tenho nem ideia de pra onde isso vai em mim

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Tudo se resolve


Carinho nas costas, antialérgico e uma caneca de café sem açúcar. 
Colo, chá de camomila e bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro.
Empatia, insulina e lasanha da Tia Ju. 
Abraço apertado, xarope e um pedaço de pizza de calabresa. 
Um cheiro, terapia e suco de cupuaçu. 
Bilhetinhos, relaxante muscular e caldo verde.
Dormir junto, quimioterapia e arroz da minha avó.
Ficar de mãos dadas, exercício e uma taça de vinho.
Se importar, antidepressivo e comida japonesa.
Olhar, penicilina e brócolis.
Admiração, vitamina C e batata frita.
Beijos, aspirinas e empadas.


*****

O blog fez 10 anos. 
Você não reparou.
 Eu também não. 
O Leandro, sim.



domingo, 28 de maio de 2017

Seu afeto e nossas empadas.


Eu era loira, cabeçuda e meu bisavô era mais novo do que consigo me lembrar. Morávamos pertinho e ele me pedia beijo que estalava. Eu era criança chata e achava isso bem enjoado. Eu beijava, porque também era uma criança educada que dava os beijos estalantes no bisa.
Cada um tem uma preferencia na vida.  Tem uns que gostam de dias quentes. Outros de dias frios.
A minha preferencia especial na vida é por empadas. Meu bisa também compartilhava dessa grande sabedoria.

Na época, meu tio era dono de uma fábrica de salgados na cidade, mas meu bisa não gostava que mandassem empadas. Mentira, podia sim, mas apenas se elas não pudessem ser vendidas. Se elas estivessem quebradas, tudo bem.
Eu, particularmente, achava um erro negar empadas.

Então, meu tio fazia várias e várias empadas. Pegava as empadas, dava uma quebradinha proposital e sutil em todas e as enviava ao meu bisavô. Meu bisa me chamava para sua casa e comíamos juntos as empadas "estragadas".

É o maior "efeito em cadeia" de demonstrações de afeto que vivi até hoje.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

(poderia se chamar Allegra D, mas não chama)


Tenho crises de alegria que aparecem em ondas intermináveis.
Existo assim.
Quando ela bate perco o foco, atrapalha minha rotina.
Não me recriminem, se fossem como eu entenderiam exatamente como é ter crises dessa forma. Infeliz alegria.
Maldita alegria.

Os desavisados se assustam sem saber de onde vem essa alegria toda. Alguns perguntam:
-Ana, o que você toma para essa alegria?
Eu respondo, quase cansada:
-Sou assim mesmo, desde que nasci. Alégrica.

Céus, vocês tem que ver a minha cara de alegria quando acordo.


*****
Dedico esse post aos meus amados companheiros de caminhada: Celestamine. Loratadina.  Allegra D. Fenergan. Polaramine.

terça-feira, 21 de março de 2017

Pretérito mais que imperfeito

Tudo que é, era.
Tudo o que será, seria.
O que ele seja, se ele fosse.
A morte é injusta até com nosso conhecimento de conjugação verbal.

terça-feira, 14 de março de 2017

! sobre nos sentirmos a imensidão


Simples dois momentos na vida em que nos sentimos como se o mundo fosse pequeno demais.

(1)Quando estamos em uma alegria que beira o êxtase. Andamos na rua segurando gritos. Olhamos para as pessoas como quem olha do alto, das nuvens. Nossa felicidade é maior. Tudo se inunda. Tudo é irrisório, ínfimo, irrelevante e qualquer sinônimo que comece com “i” possível. 
Somos capazes. Inabaláveis.


(2)Quando comemos exageradamente. A calça se aperta em qualquer espaço vago. Ponto constrangedor de abrirmos os botões.
O ar fica denso e escancaramos a janela, se possível. A temperatura dentro de nós se transforma no famoso “Rio 40°”.
Respiramos o mais fundo que podemos, achando que mais ar nos pulmões aumentaria o espaço dentro do corpo. 



E esse segundo momento inclui o primeiro, a da alegria que beira o êxtase. 

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Esse texto é um recorte do "Caderno da Doida" - meu caderninho de aleatoriedades não censuradas. 

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Um abraço para o mais novo leitor do blog. Leandro, obrigada por me obrigar a colocar a parte funcionante do cérebro para pensar e escrever.