quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ciúmes¬¬



"Meu bem me deixa sempre muito à vontade

Ela me diz que é muito bom ter liberdade
E que não há mal nenhum em ter outra amizade
E que brigar por isso é muita crueldade"
(Ultraje a Rigor -Ciúme)



Ontem ela passou a manhã toda no meu quarto, queria minha atenção. Já eu não estava lá tão disposta para brincar, coloquei algumas músicas do Lulu Santos e fiz a girafa de brinquedo dela dançar. Depois ela me mostrou como se arrota de mentirinha e logo veio falando que a Hane passaria na casa dela para brincar no dia seguinte, no caso hoje. Que fique claro que eu não gosto da Hane.
Mudei o assunto, mostrei algumas fotos no computador, vocês deviam ver como ela fica fofa falando coisas românticas do tipo "como você está bonita, quem se apaixonou por você?". Ficou bonita até que voltou a falar "você se esqueceu que a Hane vem brincar comigo amanhã?". Como se eu quisesse lembrar.


Hoje chego em casa para jantar, ela toca a campainha e repete a coisa da Hane. Tá tá tá. Logo a menina aparece, e assim como a Sophia, ela veste uma quantidade excessiva de rosa. As duas exibem para mim os chinelos novos, iguais e cor rosa. Coloco uma quantidade enorme de comida na boca fingindo desinteresse. Pergunto por que não tenho um daqueles, tem até um gatinho desenhado. Explicam que o chinelo que tinham dava calo no pé. Mentira, mil vezes mentira. Replico falando que o meu também dá calo no pé e preciso de um chinelo rosa com desenho de gatinho para usar. Elas me chamam de mentirosa, incrível como falam juntas de um jeito quase ensaiado. Abaixo a cabeça e murmuro um "vocês nem viram como está meu pé para saber".


Logo, a minha pequena mostra um cordão que fiz questão de nem olhar muito. Tento até olhar de longe, é um cordão da amizade. Eu não tenho um cordão da amizade. Sophia fala que não tenho um cordão igual ao delas porque tenho um de borboleta, sim, eu perguntei por que eu era a única que não tinha um cordão da amizade. Tenho sim de borboleta, mas não é da amizade.


Alessandra, mãe da Sophia, chega a cozinha para conversar com a minha avó. As meninas começam a cochichar, me excluindo do assunto. Não importa, estou comendo. "Mãe, a Hane quer ver o quarto dela", Sophia berra e a Alessandra fala para irem. Elas correm para o meu quarto. O que essa garota quer ver no meu quarto? Se eu soubesse teria usado um lençol rosa na cama, só para ela ficar babando. Passam correndo sem nem olhar para mim, eu sentada olho tudo de canto de olho.

-Alessandra, essa menina não devia andar com a Sophia. - aponto com o garfo em direção a porta da saída -Má influencia, vejo isso. Dá para sentir o cheiro de longe, vai levar sua filha às drogas.

- Ela tem cinco anos, para de ser ciumenta.

- Todo mundo defende essa Hane, depois não fala que eu não avisei....


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Diagnóstico

Num retrato-falado eu fichado
exposto em diagnóstico.
Especialistas analisam e sentenciam:
-Oh, não!
(Los Hemanos – Retrato pra Iaiá)


As mãos dela suavam, o coração batia cada vez mais forte, andava dispersa, fazendo tudo errado, esquecendo de tudo o tempo todo. Ultimamente não sentia muita fome, o estômago andava cada vez mais embrulhado. Todos diziam que ela estava apaixonada,
até que ela morreu.