terça-feira, 18 de novembro de 2008

Em silêncio.

É difícil precisar de respostas e não tê-las. Quando dependemos delas para continuar, para sentir o coração menos apertado e conseguir respirar. As respostas que Asafe precisava no Salmos 73 se baseavam na observação dos fatos,afinal,os ímpios e soberbos sempre estão em segurança e lhes aumentavam as riquezas. Ele, bem, sentiu inveja sim. Não tinha as respostas, não enquanto os invejava e questionava freneticamente o porquê de ficar purificando o seu coração e lavando suas mãos com a tal inocência já que isso era em vão.
“Quando pensava em compreender isto,fiquei sobremodo pertubado.”(v.16)
Talvez ele andasse pela praia falando alto como um maluco pedindo a Deus uma explicação. Perguntando como um compulsivo por respostas, sem entender nada dessa melodia em que se encontrava.
A verdade é que às vezes Deus se cala. A orquestra simplesmente para de tocar e você continua em um compasso qualquer enquanto o maestro parou de reger. E nesse momento você nota que também é preciso parar e ficar em silêncio. “Na pausa não há música, mas a pausa ajuda a fazer a música.” Uma pausa não significará que está tudo interrompido, mas que você começou a entender a moral da história.


“Assentar-se solitário, e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.” (Lm 3;28)Tendo esperança e aguardar em silêncio. É a resposta que até mesmo Asafe acha quando se retira, vai ao santuário e entende o fim daqueles “lactobacilos vivos”,como diria Marcelo Tas. O fim daqueles que são como sonho esquecido na manhã seguinte.
Entender que “o maestro marca o compasso com a mesma precisão na pausa, e toma a nota seguinte com firmeza como se não tivesse ocorrido uma pausa.
Kleber Lucas define bem isso em uma música com seus gemidos inexprimíveis dizendo, “Deus, o que será que aconteceu?Mas o Teu silêncio é pra me fazer crescer e entender que Deus tem seu tempo,seu jeito...”



Talvez seja uma boa hora para escutar Deus falar em seu silêncio.

Algumas coisas não valem mais a pena ficar pela metade...

Algo a oferecer.


Fiquei na janela sentindo o vento gelado em meu nariz. Daqui vejo a cidade como uma maquete monstruosa e fazendo parte da mesma vista, um morro. Nesse morro,uma única árvore e nada mais.Talvez seja o efeito do vento gelado no nariz que faz com que eu pense em árvores. Não sei você, mas faço parte do grupo que acha que elas tem uma vida chata. Sem banhos de praia e nem idas ao shopping. São chatas e ponto. Entretanto, nesse mesmo esquema de uma chatice, a árvore faz coisas legais não apenas para mim, mas também para o mundo.Bem, esse texto não terá um foco ecológico, a verdade é que não entendo muito de ecologia, mas sei que elas servem para algo e talvez, apesar do seu jeitão parado, eu deveria dar mais chances e parar de arrancá-las pela raiz da minha vida. Parar de deixar apenas que uma árvore, aquela do morro, cumpra seu propósito sozinha.
Volto a olhar para as pessoas que se movem na maquete monstruosa. Cada uma com seu jeito e esquisitices. Histórias de vida e sonhos. Experiências e qualidades. Todas com um propósito, todas com algo a oferecer ao mundo, assim como as árvores estáticas e silenciosas. Um sorriso, um abraço, um pouco de conhecimento sem pedir nada em troca. Um pouco de amor, talvez. Algo a oferecer ao mundo. Existe alguém esperando a chance de fazer a diferença e outros esperando que façam a diferença. Dando o melhor de nós, esperando ver o melhor em nós. O mundo espera ansiosamente uma esperança para que a vida um dia se torne boa. O que nos resta, é não cortar mais as árvores pela raiz das nossas vidas.



*****


O Avalanche veio e foi,sem diário de bordo. Quem se importa?Sabe quando as coisas acontecem e tudo parece um sonho estranho e confuso? Bem, é mais ou menos isso.


*****

Sentirei falta de viver com aquele povo.

Fran, a doce,com cheiro doce que ama doce. Afrânio, o “sério” que sempre sorri. A Sus,vegetariana que adora canhotos (sorte a minha). Susu,Josias e Punkinha, o casal punk e sua cadelinha. Mário Jonas e seu jeito incrível de ser. Diniz e a emoção de vê-lo acertar meu nome.
Andréia, Camundongo,Thiaguinho do Coros!, Don Ramón Del Passo (Bruno), a dupla de BH (Kéké e Judá), Emiliano pizzaiolo, Éder, Hermana (Jimena,a peruana), Bruna...e agragados (Júlia,Andrey e Débora).

Tive que citar todos. É anotação para sempre lembrar. Saca?


*****

Você disse que viria. Eu te conhecendo,fui dormir.

Coisas que ela pensou.

Quanto ficava tarde, às vezes, a levava em casa. Agora estavam sozinhos, faltava apenas uma rua e foi aí percebeu o quanto ele estava tenso. Era fácil notar quando as coisas não estavam lá uma belezura. A mão dele pressionava a cabeça como quem quer arrancar algum pensamento, a mesma mão deslizada e apertava os olhos e novamente voltava para a cabeça.Se perguntou se era por tê-lo feito caminhar mais um pouco e pediu desculpas por fazê-lo. Percebeu que não fez muita diferença e talvez não fosse a culpada. O problema era com ele.
Ele a abraçou para se despedir. Ficaram assim por um tempo,abraçados. Falando alguma coisa sem sentido um para o outro ou para si mesmo. Ela não se afastou, ficou ali, talvez ele quisesse chorar ou reclamar ou dizer que nada estava bem... Um instante quietos e a boca dele encostou no ombro dela, respirou fundo e ela sentiu. Chegou o rosto para perto dela e a beijou. Viu o rosto dele bem de perto e sorriu.


Logo já não sabia porque ele resolveu ceder e queria que isso fosse uma resposta para sua aflição de estar ao seu lado e não poder se sentir normal,calculando como disfarçar e desviando o olhar. Ela queria que isso significasse que tudo ficaria bem. Pensou em se afastar e não se permitir ter esperanças, mas não conseguiria deixá-lo....
Gostava de seu carinho, de poder olhá-lo bem de perto e tocá-lo sem temer. Gostava do beijo e do jeito que afastou de seu rosto uma mecha de cabelo que havia se soltado.A sensação de saber, que pelo menos ali, eram apenas os dois.


Sentiu-se culpada por ser cúmplice, fazer dele um cúmplice e por pensar que haveria um depois, mesmo tento a certeza que estava errada. Culpada por não ter dito que na verdade, não queria sair no lucro com aquilo tudo, que ela só queria tentar fazê-lo feliz. Mas talvez fosse muita audácia pensar que conseguiria isso. Se dissesse talvez ele risse...Talvez, até sem promessas, só um tentar...Não por tentar.Só para dizer que conhecia o seu maior segredo e queria estar junto a ele mesmo assim.

As coisas passaram muito rápido em sua mente e ficaram só nela. Quem sabe, um dia, ele notaria, em uma hora qualquer, em um lugar qualquer...que ela só queria estar ali para fazê-lo, enfim,ter asas.Mas por enquanto o seu rosto era apenas aquele, que em um instante perto logo se distanciaria, como um rosto na janela de um ônibus que parte.


*****


_Não faz parte de mim desistir.

_De mim também não, mas acontece.