sábado, 20 de fevereiro de 2010

. sabe-se lá .

Todos os dias, ou apenas nos dias que estava em plena atividade pensante, tirava a conclusão que ele era um idiota, um mané, um bocó, bobão e babaca por não ficar com ela. Ela era uma boa garota, não era feia nem burra e talvez fosse o suficiente para ele, se é que nesse mundão alguém é suficiente para outro alguém.

Realmente, ele era burro pra danar por não ficar com ela. Até que um dia amanheceu ou a noite surgiu, sabe-se lá, com ele gostando dela ou coisa assim. Ela riu, juro. Mas era um riso todo embasbacado com a situação. Ele só podia ser um imbecil, porque um cara inteligente e charmoso merecia coisa muito melhor. Só ele que não nota isso?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Outro ser humano estúpido.

-Você é linda. Você sabe disso,né?
Ela fica vermelhinha enquanto concorda comigo.
-A gente vai se ver de novo? – ela pergunta, e pra ser sincero acho que vou me arrepender da resposta.
-Não às cinco e meia da madrugada.
Ela mexe com um dos pés, rindo baixinho pra si mesma.
Estou quase indo embora quando ela diz:
-Ed?
-Oi, Sophie?

Ela fica surpresa, sem saber como eu sei o nome dela.
-Você é algum tipo de santo?
Aqui dentro, eu dou uma risada. Eu? Santo? Faço uma lista do que sou. Taxista. Vagabundo da redondeza. Modelo de mediocridade. Um desastre sexual. Péssimo jogador de cartas.
Digo minhas palavras finais pra ela:
-Não, não sou santo Sophie. Só mais um ser humano estúpido.
A gente sorri, e eu vou embora. Sinto que ela fica me observando, só que eu não olho pra trás.


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Alguma parte do livro “Eu sou o mensageiro”, de Markus Zusak que escreveu também 'A menina que roubava livros', lembra dele agora né?

Pensamento profundo nº1

Não sei o que o Wagner pensa de mim, definitivamente desisti e comecei a não querer mais saber depois da minha adolescência na casa na rua Ary Parreiras, altos, bairro Niterói. Eu acordei pensando nisso, uma vez falou comigo que chega uma hora em nossa vida que devemos nos preocupar com o que as pessoas acham da gente, ou coisa assim. Ele queria dizer com isso, sem mais filosofias, que eu devia usar salto alto, unhas sempre pintadas e me tornar uma dessas meninas vaidosas que ele gosta de namorar. Eu não faço muito bem isso até hoje e não sei o que me fará mudar completamente. Talvez um belo rapaz alto e com um corpo atlético, talvez. Porém não me importo muito com isso, na verdade, tenho bons motivos em não me importar com isso e mal sabe o Wagner que teve muita influencia da irmã dele ser como é.

Eu disse que acordei pensando nisso porque acordei me arrumando para ir cortar o cabelo. O Wagner detestaria se soubesse o que eu queria fazer. Ele nunca me elogia completamente, ele detesta a forma com que me visto e o meu tênis roxo. Eu reclamo toda vez que ele vem com esses papinhos, ele diz que sou mau-humorada e acha que tem razão.

Então, deixando de lado o Wagner e o jeito estranho dele dizer que me ama, ou seja lá Deus o que isso quer dizer, eu fiquei no cabeleireiro lendo e esperando o atrasado do moço chegar para começar a usar a tesoura. Apenas eu pensando no que realmente queria fazer ou o que agradaria a alguém e o que minha avó e o Wagner gostam e ou o que qualquer outra pessoa do mundo falaria se eu cortasse o cabelo e escambau a quatro... Daí estava igual a uma idiota porque uma decisão simples, cortar o cabelo, se tornou um dilema no meu mundo preto e branco. Cabelo cresce e ia ficar praticamente igual ao que estava antes. Eu não ia fazer sexo, ou fumar, ou beber exageradamente sendo uma ridícula. Não ia andar pelada na avenida sambando e nem sair beijando qualquer cara ridículo que eu encontrasse em um bloco no carnaval. Eu só ia cortar o cabelo, coisa que daqui a um tempo seria obrigada a fazer novamente&novamente. E cara, eu queria apenas cortar o cabelo, nem era curto, só em camadas, naturalmente tecnicamente. E simplesmente quase não o fiz...

Enfim cortei o cabelo, não fiz as unhas nessa semana, continuo andando de tênis e chinelo pela rua e ainda fui cantada no meio do caminho quando estava voltando para casa e o cara nem era pedreiro e não me chamou de gostosa, ele falou que eu estava linda. Então eu fiquei bem, porque apesar de ‘para nós nunca ser o bastante viver com quem é apenas o que é’, às vezes dá certo, não só pelo cabelo.

Diário do movimento do mundo nº1

Dormi tarde, fato. Estava pensando que valeria dormir tarde porque pelo menos nessa semana não teria que acordar cedo. Então fiquei lá entretida no netbook que minha avó comprou, tentando enxergar as letras naquela tela minúscula e conversando com mil pessoas ao mesmo tempo ,assuntos que pediam o máximo de atenção da minha parte, e a letra definitivamente me atrapalhava toda.

Então a chuva começou a cair, e caiu com força. Fiquei extasiada com a chuva caindo e fui até a janela. Sim, desde dezembro que eu não vejo a chuva cair fazendo um barulho significativo. Mas eu sabia que a manhã seguinte seria de Sol e um calor sufocante, então me prendi aos momentos (talvez breves) onde a chuva esteve presente.

Tentei dormir com a janela aberta, mas não teve jeito e tive que fechá-la. Mas também não consegui dormir, fiquei acordada pensando. Peguei o celular para escutar música ou uma mensagem do meu querido Ed, mas não fiz isso também. Fiquei olhando para o celular por um tempo até que peguei um livro. “Eu sou o mensageiro” de Markus Zusak, ele é demais. Um escritor de palavrão! Até que depois de seis capítulos decidi deitar e finalmente peguei no sono

Eu sonhei essa noite. Não contei a vocês, mas faz muito tempo que eu não sonhava. Eu dormi bem e sonhei bem. Bom, chuva e sonho me fizeram bem...
...até o dia seguinte.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A história de um siri

O siri curtia o mar,
mas foi se arranjar na vida voltando às suas origens nas montanhas prateadas em noite de lua.Encontrará o siri terras que lhe ofereçam condições de cavar seu abrigo como nas areias do mar?
Sabe lá...Enquanto isso,
agita-se e abranda-se o mar, seguindo o curso das marés que o mover da lua orienta.
Dois espaços e a mesmo fonte de luz.
Duas faces do destino...
Linhas paralelas que seguem os rumos do vento.
O siri e alguém do mar...
Haverá ventania que os transforme em retas perpendiculares? Se houver,
é certo que serão concorrentes,
entretanto,serão felizes,
pois tudo o que se espera é um ponto em comum.
Um ponto de encontro para o contentamento da geometria.
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Esse é um escrito da Aline Martins Lourenço, uma das minhas companheiras no trampo que curte boas músicas e livros & livros. Como ela escreveu isso pra nada, eu usei pra alguma coisa. Espero que gostem.




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"Não, eu não sambo mais em vão,
o meu samba tem cordão

O meu bloco tem sem ter e ainda assim
Sambo bem à dois por mim.
Bambo e só, mas sambo, sim.
Sambo por gostar de alguém, gostar de..."
(Samba A Dois – Los Hermanos)