terça-feira, 28 de julho de 2009

after the curtain

Não era uma típica garota que trocava confidencias, assim, por nada. Negava o fato, mas talvez fosse uma pessoa fechada e não reservada. Fora pega de surpresa por perguntas que não estavam planejadas como se tudo o que seria dito fosse arquitetado antecipadamente. Nunca imaginava que um dia seriam feitas, não por ele.
Perguntas pessoais a intimidam. São nitidamente diferentes de quando as pessoas dão um espaço para falar de sua vida. Com espaço você fala que gosta de suco de cupuaçu e sorvete de maracujá. Com perguntas, só nos cabe responder.
Podia ter negado, podia ter deixado que ficassem soltas no ar e que assim fossem perdidas e esquecidas. Não o fez, se sentiu desafiada. Sem mentir e fugir. Fugiu de si, tirando da mente as coisas planejas. Descobriu em sua frente alguém que levava muito a sério essa coisa de fazer perguntas, levou a sério a questão de responder. Uma curiosidade ou outra, sem interesse. Apenas curiosidade por tudo e nada, ao mesmo tempo.
Alguns lugares onde as perguntas iam nem seus pensamentos haviam um dia habitado. Não queria falar sobre o que ela sentiu no momento “x”, sobre o que a incomodou quando “y” foi dito, se houve um motivo para “z” não acontecer, se ela acreditou quando “xyz” foi explicado por “d”..Recusava-se pensar em algumas coisas, levava diretamente para o arquivo morto. Alguns outros pensamentos não precisavam ser ditos, mas hoje foram. Era engraçado dizer sentimentos que se mostravam confusos... O autor das interrogações não se incomodava, explorava cada vez mais.
Tudo terminou bem,sentiu que não devia ter dito tanta coisa. Tanta coisa tão sua. Ele não parecia ter notado o quanto tinha entrado em sua vida. No dia seguinte, quando se viram novamente ela ficou corada, seu rosto vermelho, completamente sem graça. Brincou com o fato disso ter acontecido. Mas sabia ela que o problema não era com o questionador, mas seus pensamentos e as coisas que sentia a faziam enrubescer. Ela pensou no fim de tudo que havia um bom motivo para ter evitado psicólogos até hoje.
*****
Eu estou feliz, realmente feliz. Não sei o que Deus quis dizer me lembrando de algumas coisas, mas ele me lembrou e esqueceu de dizer o que isso significa. Tanto faz (blow away), a gente caminha na praia para ver se vai fazer sentido em algum momento.Eu estou feliz,realmente feliz². Obrigada pela semana! Curti o momento, a dois, a três, a quatro!

terça-feira, 21 de julho de 2009

O que se torna

"I used to rule the world

Seas would rise when I gave the word
Now in the morning and I sleep alone
Sweep the streets I used to ow"



A gente realmente se deixa cair em ciladas, e chegamos em um ponto de nossas vidas que tentamos lembrar em que parte do caminho decidimos que as coisas tomariam esse rumo. Provavelmente não decidimos isso, a gente nunca decide diretamente, mas a gente decide. É muito sutil, acontecem acontecendo. Sem assinaturas em um papel, sem mais nada. Vamos chegar e falar “Você acha que eu planejei que isso aconteceria?”,provavelmente não. Deixou acontecer. Você não é menos culpado por isso.É muito óbvio e ao mesmo tempo não. É nisso que minha cabeça fica matutando quando paro para rever textos antigos, para pensar em coisas que esqueci. Penso nisso quando me vejo fazendo besteiras que não parecem tão besteiras assim. Quando quebro meu código de ética. Quando esqueço dos meus valores e esqueço da garota de coração acelerado que eu era. É nisso que penso quando me vejo...
Uma vez escutei que faço parte das pessoas que enxergam o que poucos vêem. Não sou assim hoje, não vejo isso nem em meus escritos (e olha que posso manipulá-los). E não sei em que parte do caminho furei meus olhos. Aconteceu simplesmente e sabe-se lá se a cegueira é passageira.
Chegamos ao segundo ano do blog, alguém sabe dizer se mais inteiro ou pela metade? Mas chegamos com a simples sensação que está na hora de ser novamente. Simplesmente ser tudo o que devíamos ser. Lembrar das coisas que esquecemos e tomar o caminho certo quando nos deixamos levar por coisas que acontecem. Saímos do “porque algumas coisas ficam assim”, deixando o fato de notar que “algumas coisas não valem mais a pena ficar assim” e partimos para uma revolução pessoal, uma questão de retomar uma luta esquecida.
*****

Paulinha está dormindo aqui, eu estou tentando não fazer ela acordar e querendo que ela acorde. Mas ela não vai acordar, ela dormiu tarde. Eu nem vi quando ela foi dormir... Eu queria me desculpar pelas furadas de ontem, mas é melhor estar em furadas com ela ao meu lado.
*****

Buscai primeiro o Reino de Deus e
todas as outras coisas continuarão sendo coisas.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Retalhos

Sorriu sem motivo. Cantou sem motivo. Por isso, orou. Tinha motivos. Não é sempre que se passa uma semana bem disposta, comunicativa. Sem acordar pedindo cinco minutos para não acordar nesse dia.
_____
Pensou no que disseram sobre estar no lugar onde Deus queria. Queria saber explicar o que sentia. Talvez não houvesse uma explicação para ela, talvez só houvesse uma explicação para Deus. Já bastava isso por si só.
_____
Sentada no meio fio ele pergunta no que ela está pensando. Diz que apenas imaginando algumas coisas.
Sempre imagino, é um defeito meu, ela explica como quem não gosta de deixar seus defeitos para a intimidade. Talvez não seja defeito, talvez seja apenas criativa demais, rebate. Só sei que a realidade é o dom que poucos tem, e eu queria esse dom..., logo muda o assunto para comidas.
_____
Pensou no que disseram sobre alguém estar escondido por trás de um nome qualquer esperando também encontrá-la. Cogitou a possibilidade de já ter encontrado. Cogitou a possibilidade de não ter encontrado. Não pensou que haveria possibilidades de não encontrar. Não hoje. E imaginou alguém acordando e sentindo, também, que existia um espaço na cama, e não era culpa dos fabricantes. A idéia de alguém viver pensando nela, sem saber, era interessante. Mais uma vez sorriu.
_____
Ao deitar na cama ficou pedindo mais cinco minutos. Hoje ela queria mais cinco minutos para não dormir. Viver seria uma grande aventura.


*****

“I'm gonna need a better reason
To write you a love song today”



Essa vai pra Ju que me fez lavagem cerebral nesse final de semana. Tem o jeito de ser uma canção bobinha de amor, engana bem.
*****
“A realidade é um dom que poucos têm.” É uma boa frase, e como é uma boa frase e não é minha e nem de José Saramago, eu escrevo que o crédito é do Elvino. Ele escreveu isso em setembro de 2006. Nem ele lembrava disso,como pode?