terça-feira, 12 de maio de 2009

O que podemos ser

Um dia me disseram/Que as nuvens não eram de algodão/
Um dia me disseram/Que os ventos às vezes erram a direção/
E tudo ficou tão claro/Um intervalo na escuridão/
Uma estrela de brilho raro/Um disparo para um coração

Eu sei de você. Sei dele. Em uma noite. Nada mais que nomes. As coisas não deviam ter acontecido daquele jeito, mas uma coisa ninguém pode contar é o que você passava naquele momento. É fácil demais julgar pelo que fizeram, mas seria tão injusto ignorar tudo o que se passa dentro de você.
Não sei como estava o tempo. O que faziam antes ou onde estavam. Você também não se deu ao trabalho de me falar muitas coisas, mas tomo a liberdade de dizer que não existem pessoas que sejam fortes o tempo todo. Não somos heróis, por mais que muitos insistam em nos ver como tais.
Às vezes não importa o quanto resistimos a algo 364 dias do ano se no 365ª cometemos um erro. Algumas pessoas não estão preparadas para nos aceitar, para ajudar, para saber o que aconteceu.Se não fossemos resumidos por tão pouco. Se não fossemos reduzidos aos nossos erros.
Para alguns não existe volta, por esses não creio que devamos nos sentir culpados em ter segredos. Por esses mesmos não devemos sentir culpa de estarmos trancados em um armário. São pessoas que esquecem de nós, dizem que não vale de nada se arrepender. Eles não sabem o que é ter falhas. Bom, eles tem muitas falhas que escondem por medo de serem julgados da mesma forma.
Talvez seja essa a resposta de nos sentirmos fraudes sem o sermos. Para que dizer algo se ninguém está disposto a compreender? Se fosse diferente, se tivéssemos escolha nisso tudo...
Existe uma vontade de dizer para todos, ser honesto. Mas seria injusto. Não teria sorriso de canto de boca, aquele que damos por felicidade, de alivio ao nos sentirmos completos...Não somos fraudes, não somos hipócritas. Somos nós e nossas fraquezas. A forma mais verdadeira, sem disfarces. Somos nós com o que sentimos e o que nos confunde.
Apesar de doer, gosto de saber sobre você. Sobre ele. Sobre aquela noite. Porque agora entendo quando seus olhos ficam vermelhos, entendo o que se passa em você e entendo esse olhar que tem.


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Ela: Você escreveu esse texto pensando em mim ou é mais uma daquelas coisas de não levar para o lado pessoal?Eu: O bom de pronomes é que mais gente vai achar o mesmo. Não leve para o lado pessoal, ou leve.

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“Há leitores que acham bom o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais.”Mário Quintana (1906-1994) poeta e cronista gaúcho.

Um comentário:

Sem horas e sem dores,esse espaço é recomendado para seus escritos, sejam eles sobre o texto ou sobre a resposta fundamental da vida,do universo e tudo mais.


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Fica um abraço pra quem sentir vontade de receber um.