sábado, 7 de março de 2009

Se despir

No caso a pergunta fundamental era: qual o seu tipo de ovo favorito? Bom, nunca pensei nesse detalhe. Na verdade não curto muito ovo, me enjoa na maior parte das vezes. Mas como, quando dá vontade, quando tem...
Mas para ela era necessário responder essa pergunta que se tornou existencial. Toda vez que encontrava um cara diferente, ela dizia gostar do mesmo tipo de ovo que ele. Seja cozido, frito ou couchê.
Até que a pergunta veio primeiro e ela não soube responder. Agora ela colocou em uma mesa todos os tipos de ovos que conhecia para descobrir do que realmente gostava. Ou se não gostava.
Reconheceram? Bom, isso é um dos dilemas da Maggie Carpenter no filme
"A noiva em fuga" (1999). E nesse texto, eu me reconhecendo nessa questão básica de camaleão.
Vou encaixando peças que não tem muito a ver comigo, mas sim com os outros. Não por intenção, mas por falta de atenção em mim. Nas minhas preferências e gostos. Por reparar nos outros demais.Por escutar muito muitas pessoas e não me escutar. Por calar demais na atitude das pessoas sem me importar com o que me fere. Por aceitar demais... Ignorar demais. Talvez fosse por pensar em um ser cristão completamente pacífico que não briga que não reclama. Não se impõe. É ganhar blusas ao longo da sua vida. É como me exemplificaram a questão, você pode aceitar, mas não precisa vestir a blusa.
Se vestir, que seja customizada. Que seja a sua blusa. Não a blusa dos outros.Deus não pediu para eu me perder. Deus gosta das diferenças. Ele não quer que eu recuse a blusa, mas que não a use, ou troque por uma do meu tamanho.
E depois de vestir tanta blusa que não é sua (e até pensa que é), alguém te questiona do que realmente gosta e a reposta não aparece. Debaixo de tantas blusas existe a sua blusa, ou talvez apenas um corpo nu, sei lá.


Tenho mudado isso. Acho que desde que cresci venho mudando isso. Eu comecei a crescer, creio, desde o ano passado. Começar a falar como você realmente se sente em relação as coisas é importante.Não acusar. Não apontar. Isso não seria aceitar uma camisa, mas rasgar. É se mostrar depois de tanto tempo. É dizer que bom você realmente ri com A Praça é Nossa e que você se sente injustiçada por algumas atitudes. É vestir uma camisa, talvez roxa, e defender isso por mais que o seu jeito com as palavras seja muito ruim e agressivo.
E vale a pena mudar e descobrir alguém com vontades. E mostrar seu pensamento muda pensamentos e ajuda pensamentos. Porque Deus vê graça na diversidade, ele curte essas paradas. Ele gosta de ver quando eu decido comer pão de forma com ketchup. E não com pasta de amendoim (nunca comi pasta de amendoim).

A questão é começar a se despir.



*****

Às vezes dou uma passada no Avalanche. Deveria fazer isso mais vezes do que estou acostumada, afinal, sempre esbarro com Deus em um dos sofás surrados e ele me faz lembrar o quanto é bom ser contigo. Ele é agradável, engraçado, surpreendente intrometido.



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