segunda-feira, 30 de março de 2009

O que não volta.

“Os passos que tracei quando saí
Com o tempo me trouxeram até aqui
Marquei todo caminho
Pra voltar sozinho”



Faz um ano desde o domingo que a Dona Lourdes passou em minha casa para pegar a mudança. Faz um ano hoje que saí da “minha cidade” . Mesmo tendo certeza do que estava fazendo veio a sensação de me sentir como o Tonny na segunda temporada de Skins. Era como ter sido atropelada sem mais nem menos e ter que aprender tudo novamente. Tudo, mesmo que igual, diferente.Agora estava definitivamente sozinha e com medo de ser esquecida, como acontece com todos que saem de Itaperuna. Por algum motivo, depois de um ano, não construí nada exatamente concreto que me faça sentir menos saudades. Que me faça pensar que sou menos responsável pela juventude da PIBI. Que sou menos responsável por estar presente em cada momento da vida dos meus amigos. Zelo por eles sempre, agora mais que nunca.E por mais que mudemos completamente com o tempo, eu 3kg menos magra e com cabelos escovados, não resisto a eles. Nunca resisti.
Porque tenho uma amizade impactante com Tia Paulinha. Porque a Débora sempre faz com que eu fique confusa e pensativa. Não existe alguém melhor para fazer nada junto como o Richard. E ninguém que me faça sentir menos medo que o Elvino. Ter alguém que é filósofo e te ama é especial, coisas de Henrique. Tendo o Hítalo e o Pércio, que me divertem com simplicidade...Não sei quem disse que o melhor lugar para se morar é perto dos amigos (li no livro “Vivendo com Propósitos”) e por isso marquei o caminho para voltar quando eu quisesse. E eu sempre quero voltar, mesmo que não seja o melhor para mim. Cada vez que sinto saudades do colo da Dona Gil. Mas foi uma fatalidade confiar que o vento deixaria o caminho marcado, me esperando, foi um engano. Vento palhaço.
Mesmo não sabendo mais o que fiz ou o que tenho que fazer. Não resisto a vocês e sinto muito... Sempre é sempre.


*****

E nessa de tempo, faz um aninho que Manuela nasceu (26/03). Parabéns também para a Maria Gafurina, 5 aninhos de Sophia nesse dia 27. Acho que as únicas crianças que gostam de mim.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Um estranho no escuro

Ela podia ser sim muito estranha desde o início desta estória. Ninguém dava muito crédito justamente por isso. Estranha, não bizarra, mas sem dúvidas muito estranha. Usava um óculos redondo fora de moda e prendia seu cabelo de formas bagunçadas. Dizia que a maior distância era o tempo, acreditava que todo mundo tinha um preço, mas mesmo que estranha ainda chorava como toda pessoa normal. Sendo que a letra maiúscula dessa frase foi quando o novo morador chegou, e todos se orgulhavam dele. Era um bichinho inteligente, às vezes era engraçado com suas estripulias. Ele parecia gostar bastante dessa menina, como se tivesse se apegado de uma forma especial. Ela retribuiu esse carinho se apegando a ele. Aturava em seus momentos de bagunça. Viraram amigos, como se ela fosse a única que conseguisse falar a mesma língua que ele.
Essa criaturinha começou a crescer e se tornar algo que a princípio era desconhecido. Pensou que seria uma fase qualquer que estaria passando, mas ele virava um monstro ao passar dos anos. Ela era a única que notava...
Todos achavam que era o bichinho mais exemplar que conseguiram e na proporção que viam o quanto ele era especial ela notava o quanto seu comportamento era monstruoso.
Começou a se afastar dele e a lutar contra qualquer encantamento que sentia. O amava, não tinha dúvidas disso. Mas ele não era o que todos pensavam. Eles eram tão cegos e se vissem... Caso ela contasse tudo poderia desmoronar. Toda a felicidade iria desabar e não saberia mais o que fazer.
Ela passou noites com medo. Chorava baixinho para que ninguém notasse que estava acordada. Deixava a luz acesa. Mas ninguém notou o quanto ela estava mudando, afinal, ela sempre foi estranha demais.
E se afastou se tornando mais estranha que antes. Não queria sentir amor por ele, era como se isso fosse além de enganar os outros com o que ele era. Era como se enganar também. Já traia gente demais negando a verdade.
Às vezes se vendia por achar que tinha culpa dele ter se tornado o que se tornou. Passeava exibindo a criaturinha para todos e fingia que era tudo como antes. Mas a razão voltava e queria gritar para todos que tinha motivos para ser tão estranha... Seria doloroso demais para todo mundo. Ela já ficou tão boa em fingir. Já se tornou tão forte em suportar e superar todos os dias a sua grande mentira. A sua fraude.
O ponto final disso tudo nunca foi realmente notado dentro da frase. Ninguém nunca percebeu o que verdadeiramente aconteceu com a menina estranha. Ela talvez tenha ficado mais estranha. Mas as pessoas nunca chegaram a saber quem era o verdadeiro estranho no escuro.

sábado, 7 de março de 2009

Se despir

No caso a pergunta fundamental era: qual o seu tipo de ovo favorito? Bom, nunca pensei nesse detalhe. Na verdade não curto muito ovo, me enjoa na maior parte das vezes. Mas como, quando dá vontade, quando tem...
Mas para ela era necessário responder essa pergunta que se tornou existencial. Toda vez que encontrava um cara diferente, ela dizia gostar do mesmo tipo de ovo que ele. Seja cozido, frito ou couchê.
Até que a pergunta veio primeiro e ela não soube responder. Agora ela colocou em uma mesa todos os tipos de ovos que conhecia para descobrir do que realmente gostava. Ou se não gostava.
Reconheceram? Bom, isso é um dos dilemas da Maggie Carpenter no filme
"A noiva em fuga" (1999). E nesse texto, eu me reconhecendo nessa questão básica de camaleão.
Vou encaixando peças que não tem muito a ver comigo, mas sim com os outros. Não por intenção, mas por falta de atenção em mim. Nas minhas preferências e gostos. Por reparar nos outros demais.Por escutar muito muitas pessoas e não me escutar. Por calar demais na atitude das pessoas sem me importar com o que me fere. Por aceitar demais... Ignorar demais. Talvez fosse por pensar em um ser cristão completamente pacífico que não briga que não reclama. Não se impõe. É ganhar blusas ao longo da sua vida. É como me exemplificaram a questão, você pode aceitar, mas não precisa vestir a blusa.
Se vestir, que seja customizada. Que seja a sua blusa. Não a blusa dos outros.Deus não pediu para eu me perder. Deus gosta das diferenças. Ele não quer que eu recuse a blusa, mas que não a use, ou troque por uma do meu tamanho.
E depois de vestir tanta blusa que não é sua (e até pensa que é), alguém te questiona do que realmente gosta e a reposta não aparece. Debaixo de tantas blusas existe a sua blusa, ou talvez apenas um corpo nu, sei lá.


Tenho mudado isso. Acho que desde que cresci venho mudando isso. Eu comecei a crescer, creio, desde o ano passado. Começar a falar como você realmente se sente em relação as coisas é importante.Não acusar. Não apontar. Isso não seria aceitar uma camisa, mas rasgar. É se mostrar depois de tanto tempo. É dizer que bom você realmente ri com A Praça é Nossa e que você se sente injustiçada por algumas atitudes. É vestir uma camisa, talvez roxa, e defender isso por mais que o seu jeito com as palavras seja muito ruim e agressivo.
E vale a pena mudar e descobrir alguém com vontades. E mostrar seu pensamento muda pensamentos e ajuda pensamentos. Porque Deus vê graça na diversidade, ele curte essas paradas. Ele gosta de ver quando eu decido comer pão de forma com ketchup. E não com pasta de amendoim (nunca comi pasta de amendoim).

A questão é começar a se despir.



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Às vezes dou uma passada no Avalanche. Deveria fazer isso mais vezes do que estou acostumada, afinal, sempre esbarro com Deus em um dos sofás surrados e ele me faz lembrar o quanto é bom ser contigo. Ele é agradável, engraçado, surpreendente intrometido.