terça-feira, 18 de novembro de 2008

Coisas que ela pensou.

Quanto ficava tarde, às vezes, a levava em casa. Agora estavam sozinhos, faltava apenas uma rua e foi aí percebeu o quanto ele estava tenso. Era fácil notar quando as coisas não estavam lá uma belezura. A mão dele pressionava a cabeça como quem quer arrancar algum pensamento, a mesma mão deslizada e apertava os olhos e novamente voltava para a cabeça.Se perguntou se era por tê-lo feito caminhar mais um pouco e pediu desculpas por fazê-lo. Percebeu que não fez muita diferença e talvez não fosse a culpada. O problema era com ele.
Ele a abraçou para se despedir. Ficaram assim por um tempo,abraçados. Falando alguma coisa sem sentido um para o outro ou para si mesmo. Ela não se afastou, ficou ali, talvez ele quisesse chorar ou reclamar ou dizer que nada estava bem... Um instante quietos e a boca dele encostou no ombro dela, respirou fundo e ela sentiu. Chegou o rosto para perto dela e a beijou. Viu o rosto dele bem de perto e sorriu.


Logo já não sabia porque ele resolveu ceder e queria que isso fosse uma resposta para sua aflição de estar ao seu lado e não poder se sentir normal,calculando como disfarçar e desviando o olhar. Ela queria que isso significasse que tudo ficaria bem. Pensou em se afastar e não se permitir ter esperanças, mas não conseguiria deixá-lo....
Gostava de seu carinho, de poder olhá-lo bem de perto e tocá-lo sem temer. Gostava do beijo e do jeito que afastou de seu rosto uma mecha de cabelo que havia se soltado.A sensação de saber, que pelo menos ali, eram apenas os dois.


Sentiu-se culpada por ser cúmplice, fazer dele um cúmplice e por pensar que haveria um depois, mesmo tento a certeza que estava errada. Culpada por não ter dito que na verdade, não queria sair no lucro com aquilo tudo, que ela só queria tentar fazê-lo feliz. Mas talvez fosse muita audácia pensar que conseguiria isso. Se dissesse talvez ele risse...Talvez, até sem promessas, só um tentar...Não por tentar.Só para dizer que conhecia o seu maior segredo e queria estar junto a ele mesmo assim.

As coisas passaram muito rápido em sua mente e ficaram só nela. Quem sabe, um dia, ele notaria, em uma hora qualquer, em um lugar qualquer...que ela só queria estar ali para fazê-lo, enfim,ter asas.Mas por enquanto o seu rosto era apenas aquele, que em um instante perto logo se distanciaria, como um rosto na janela de um ônibus que parte.


*****


_Não faz parte de mim desistir.

_De mim também não, mas acontece.

Um comentário:

  1. acho qeu blog não é bem um lugar pra comentários sentimentais, mas me bateu um saudade de vc, ana...

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