domingo, 6 de janeiro de 2008

No outro lado

Estava deitada na cama há algum tempo. Não sentia sono, mas era bom ficar ali olhando para o teto branco e para o movimento do ventilador. Tudo o que havia feito durante a tarde se passava como um filme em sua cabeça, desde o sorvete que tomou sozinha na rua depois de enfrentar a fila do banco até a última chateação do dia que ainda estava entalada em sua garganta. Coisas normais, coisas da rotina.
Fazia tempo que as ligações para ele haviam saído do seu costume e por um momento sentiu vontade de pegar o telefone e ligar. Não estava tarde, não tinha nada para fazer, ligar seria o ideal. Mas, o que diria?

Virou-se de bruços na cama, chegou o travesseiro para perto do corpo e com força o abraçava. Realmente queria ligar. Queria falar como tinha sido o seu dia e perguntar coisas rotineiras sobre viagens, Deus, música, livros... queria fazer as piadinhas ridículas e implicar com o jeito com que ele ri e por nunca se lembrar de detalhes importantes.


Sentou na cama e ficou olhando para o telefone na mesinha de cabeceira. Sabia que essa vontade era normal, ela entendia de onde vinha, mas não seria o mesmo com ele. Talvez estivesse até ocupado.
Era bom conversar com ele,ele a fazia bem e essas eram as coisas que nunca poderia dizer. Essa era a explicação.

Pegou o telefone e se deitou. Precisava de um pouco de coragem. Talvez se ligasse fingindo querer saber alguma coisa,então se a conversa não fluísse poderia acabar falando “bom, era só isso mesmo” e desligaria sentindo um pouco de raiva...
Olhou para o telefone pensando que seria muito bom se ele tocasse agora e uma voz do outro lado começaria uma conversa dizendo “boa noite”,talvez. Mas não aconteceria, a voz teria que ser a dela.


Digitou os números quase desistindo e dava voltas no quarto enquanto chamava. Chamava. Chamava. Mas ninguém atendeu,o telefone voltou para a mesinha de cabeceira e ela a observar o ventilador rodando.


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A Gil está em Itaperuna nessa semana. Amanhã é aniversário dela e fica aqui os parabéns. Por amanhã e pelo dia nove de janeiro, o dia em que foi registrada.


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A Aline Farias não consegue comentar no meu blog. Pensei em dar umas aulinhas para ela de como mexer no computador, talvez assim ela consiga comentar direitinho.


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Pastor Paulo Zarro disse para eu registrar nos anais do meu blog toda a chantagem emocional que ele tem me feito nessas duas últimas semanas. Ele está certo quando cita “O pequeno príncipe” dizendo: és responsável pelo que cativas.
Eu não deveria mesmo ter o direito de ir... Mas ele não deveria ser tão cruel.


Obrigada pelo carinho.

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Sei que muita gente não vai gostar do texto,mas ele tem seu valor. Tenho tido que tirar a inspiração do nada depois que parei com o café em sua quantidade exagerada.


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4 comentários:

  1. esse post seu descreveu meu dia de ontem!
    O.o
    (eu gostei do texto... sou anormal por isso???)
    bjos

    ps. meu pai mandou dizer que vc não deveria ir embora. rsrs

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  2. PARAbéNS por ser a única a conseguir comentar aqui!!!

    :D

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  3. nunca é tarde para se comentar...
    eu tbm gostei do texto
    mas, em comum com a paula,
    não sou nenhum exemplo de normalidade...
    ai q saudaaade d vc!
    Bjux

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  4. Sabe de uma coisa? Eu nunca imaginei que vc faria tanta falta aqui perto de mim!

    toc toc! tangente, pra vc!

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Sem horas e sem dores,esse espaço é recomendado para seus escritos, sejam eles sobre o texto ou sobre a resposta fundamental da vida,do universo e tudo mais.


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Fica um abraço pra quem sentir vontade de receber um.