Sento no sofá. Troco o canal uma vez. Vinte vezes. Cinquenta
vezes. Tem mil coisas. Não tem nada. Desligo a televisão.
Olho o celular. Sem mensagens.
Está quente e ligo o ventilador que dá uma volta. Duas
voltas. Cinco voltas. Perdi a conta. Uma volta. Dez voltas. Vinte voltas. Perdi
a conta. Está frio. Desligo o ventilador.
Essa parede está suja. Preciso pintar. Mas a parede da
cozinha tem um azulejo. Dois. Quatro. Cinquenta. Noventa azulejos. Multiplico o da horizontal com o da vertical. Cento e vinte? Conto novamente. Cento e vinte. Aquele está
torto. Merda, que nervoso.
Olho as horas no celular. Olho novamente porque não lembro o
que vi. Olho novamente. Olho se tem mensagens. Não tem. Olho as fotos antigas.
Olho novamente as mensagens. Olho as horas. Mando mensagens. Não me responde nunca. Respondeu, mas perco o assunto.
Pego o livro. Leio uma página. Não lembro o que li. Tento
reler. Paro na primeira frase. Olho o celular novamente. Olho para o teto.
Abro a geladeira. Fico olhando. Encarando. Mais um pouco.
Fecho a geladeira. Olho o celular. Abro a geladeira mais uma vez. Não apareceu
nada de diferente. Abro mais uma vez. Olho o celular.
Abro os olhos, ainda está no primeiro canal da televisão.
Peguei no sono e não percebi. Então, troco o canal uma vez. Vinte vezes.
Cinquenta vezes.
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