Todos falavam muito e muito alto. Não podiam, mas era assim que estavam: agitados e berrando. As crianças não paravam quietas e alguns pais que por ali estavam a ajustar a fantasia de seus filhos tentavam de quando em vez acalmar os mais tensos. A professora com a voz mais irritante se esforçava para organizar uma fila na ordem de apresentação. A bailarina atrás da borboleta que ficava atrás de um menino Chaplin. Da coxia dava para escutar os aplausos da apresentação anterior, a garota vestida de passarinho começou a chorar nesse exato momento.
Um garotinho magro estava fantasiado de baleia perto do menino gordinho que se vestia de Pinóquio. O primeiro tentou engolir o segundo sem muito sucesso, até que um outro fantasiado de Gepeto fez ameaças segurando um nariz de madeira postiço. Os três foram colocados sentados com uma advertência da professora branquela de decote inapropriado.
No canto estava um menino quieto, talvez o único que tentava se concentrar. Nas mãos um rascunho com letras que visivelmente não eram dele. Repetia baixinho as frases de uma poesia de Drummond, era uma surpresa que seu pai e ele haviam planejado para sua mãe e ele tentava fazer de tudo para gravar. -Que é que vou dizer a você? Não estudei ainda o código de amor. Inventar,não posso. Falar,não sei. Balbuciar, não ouso. – dizia baixo sem olhar para o papel. Conferiu se estava certo, a palavra “balbuciar” fazia com que ele se perdesse e continuou –Fico de olhos baixos. Espiando, no chão, a formiga.Mais palmas, agora era a vez dos meninos que ainda brigavam com um nariz de falso de Pinóquio. Ele escutou muitos risos logo no começo da apresentação destes. As pessoas estavam se divertindo com a nova versão onde Gepeto salva Pinóquio na boca da baleia que por sorte consegue ficar pelo menos com o nariz.
O pequeno poeta começa a se achar ridículo com o terno e a pensar que tudo era uma péssima idéia. Ele ia gaguejar, sua mãe não ia gostar e todo mundo riria porque estava fazendo feio.
-Você sentada na cadeira de palhinha. Se ao menos você ficasse aí nessa posição. Perfeitamente imóvel, como está....- as pessoas ainda estavam rindo do Gepeto que nesse momento agradecia o favor que a baleia tinha feito de diminuir o nariz de seu filho – Uns quinze anos...Só isso...Palmas, mais palmas e risadas altas. Os meninos saem do palco e entram na coxia rindo de tudo e correm para beber água onde começam uma guerrinha com a própria no bebedouro. A coordenadora gorda de cabelos loiros chama o menino uma, duas vezes. Ele quase desiste de levantar e ir até o palco. Nervoso resiste ao máximo a olhar para outro lugar que não seja o chão. Até que escuta uma música vinda do piano e olha para o lado. Seu pai sorria para ele, tocando baixinho ....-Então eu diria, Eu te amo. Por enquanto sou apenas o menino. Diante da mulher que não percebe nada. Será que você não entende, será que é burra? – termina corajosamente de dizer todos os versos . Não se sentia tão ridículo com o pai ali. Procurava com os olhos viu a mãe em meio a tantas palmas, ela tinha um sorriso travado no rosto, era o sorriso preferido dele...o de orgulho.
Um garotinho magro estava fantasiado de baleia perto do menino gordinho que se vestia de Pinóquio. O primeiro tentou engolir o segundo sem muito sucesso, até que um outro fantasiado de Gepeto fez ameaças segurando um nariz de madeira postiço. Os três foram colocados sentados com uma advertência da professora branquela de decote inapropriado.
No canto estava um menino quieto, talvez o único que tentava se concentrar. Nas mãos um rascunho com letras que visivelmente não eram dele. Repetia baixinho as frases de uma poesia de Drummond, era uma surpresa que seu pai e ele haviam planejado para sua mãe e ele tentava fazer de tudo para gravar. -Que é que vou dizer a você? Não estudei ainda o código de amor. Inventar,não posso. Falar,não sei. Balbuciar, não ouso. – dizia baixo sem olhar para o papel. Conferiu se estava certo, a palavra “balbuciar” fazia com que ele se perdesse e continuou –Fico de olhos baixos. Espiando, no chão, a formiga.Mais palmas, agora era a vez dos meninos que ainda brigavam com um nariz de falso de Pinóquio. Ele escutou muitos risos logo no começo da apresentação destes. As pessoas estavam se divertindo com a nova versão onde Gepeto salva Pinóquio na boca da baleia que por sorte consegue ficar pelo menos com o nariz.
O pequeno poeta começa a se achar ridículo com o terno e a pensar que tudo era uma péssima idéia. Ele ia gaguejar, sua mãe não ia gostar e todo mundo riria porque estava fazendo feio.
-Você sentada na cadeira de palhinha. Se ao menos você ficasse aí nessa posição. Perfeitamente imóvel, como está....- as pessoas ainda estavam rindo do Gepeto que nesse momento agradecia o favor que a baleia tinha feito de diminuir o nariz de seu filho – Uns quinze anos...Só isso...Palmas, mais palmas e risadas altas. Os meninos saem do palco e entram na coxia rindo de tudo e correm para beber água onde começam uma guerrinha com a própria no bebedouro. A coordenadora gorda de cabelos loiros chama o menino uma, duas vezes. Ele quase desiste de levantar e ir até o palco. Nervoso resiste ao máximo a olhar para outro lugar que não seja o chão. Até que escuta uma música vinda do piano e olha para o lado. Seu pai sorria para ele, tocando baixinho ....-Então eu diria, Eu te amo. Por enquanto sou apenas o menino. Diante da mulher que não percebe nada. Será que você não entende, será que é burra? – termina corajosamente de dizer todos os versos . Não se sentia tão ridículo com o pai ali. Procurava com os olhos viu a mãe em meio a tantas palmas, ela tinha um sorriso travado no rosto, era o sorriso preferido dele...o de orgulho.