Bons tempos àqueles em que eu não sentia falta de ar. Era tudo sobre controle, respirava normalmente e se perdia o ar era porque estava tendo apenas uma bronquite ou uma parada respiratória. Só isso. Era explicável. Era mais fácil de tratar.
Agora a gente não sabe mais o que acontece para esse ar ir e vir. Para o coração acelerar e parar junto com o pulmão. Quando a gente vê o ar se foi. Lembramos de respirar bem fundo e o ar volta. Inspira, expira, inspira e expira. O ar falta novamente. Onde o ar foi parar?Sístole, diástole, sístole e diástole.
Realmente, as coisas eram mais fáceis quando não se tremia com tanta freqüência, só tremíamos de medo daquele filme de terror. Quando a mão não suava, só apenas de calor. Quando os olhos nos obedeciam. Quando a respiração ofegante só vinha após uma corrida. Quando tudo não parecia ser besteira. Quando não éramos tão patéticos. Quando o desejo era por bolo de chocolate com cobertura de chocolate e recheio de chocolate, cheio de confete ao redor. Era realmente bom os tempos onde sentíamos saudades de pessoas que se importavam com a gente....saudades da nossa mãe que estava longe, do nosso pai, da nossa vó. Quando a dor vinha quando batíamos o dedo mindinho na quina da cama. Lembra dos tempos que tudo se sarava apenas com um beijo de mãe? Quando o carinho que queríamos era carinho para nos fazer dormir.
Era explicável. Era mais fácil de tratar. Agora, agora não se sabe mais o que acontece para esse ar ir e vir. Para esse coração parar junto com o pulmão.
Antes elas chegariam sábado. Depois chegariam sexta. Agora só chegam domingo. A casa? A casa estava impecável.
Ela me olhou, quem?
Quem sabe com ela?
Eu veria as tardes
que sempre me passaram
como
como invenção.
E se eu não posso ter
eu fico imaginando,
eu fico