Acordo cedo e te vejo dormir, minha hora preferida. Fico
quieta escutando sua respiração barulhenta e é apenas isso que torna impossível que simule sono perto de
mim. Sei que nesse momento você não simula nada, apenas nesse. Seu braço sempre para fora da cama, transparecendo
que todo o espaço do mundo não é suficiente. Para você o mundo é pequeno
demais, é visto por cima, de longe. Distante. E eu, mínima. Seu sono também é bagunceiro, brinca na cama como se sua agitação corriqueira
não acabasse. Você muda, se ajusta, se perturba, se desajusta. A impressão é
que nunca está em paz, nem mesmo no momento em que o rosto fica sereno. Mas nessa hora eu estou e te vejo
diferente com os olhos fechados, o formato delicado do nariz, o corpo meio
coberto e nu. Indefeso.
É a única hora do dia em que consigo ficar em
silêncio, é a única hora do dia que sinto que isso é o suficiente para mim e para
você. No mesmo lugar. Minha hora preferida. E em um momento breve seus olhos abrem. Nesse
breve momento minha paz termina.
Adorei. Sensacional!!!
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