domingo, 23 de setembro de 2012
Sobra tanta falta
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
rotina
sábado, 21 de julho de 2012
satisfação [4]
"O botão do elevador", pensa como sendo a única resposta possível. Foi apenas apertar o botão do elevador que a deixou naquele estado tão irreconhecível. Ninguém precisa saber dessa mudança toda. Logo passa. Logo vai passar e ninguém vai notar. E se notar, a causa de tudo é apenas o botão do elevador.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Apesar dessas coisas todas,
Sabemos daquelas coisas todas que todos insistiriam em nos dizer. Sabemos que não deveríamos ter começado, não deveríamos ter nos tocado, nos beijado, nos olhado. Sabemos, e evitamos, nos controlamos e nos retiramos de nós mesmos, até que me vi tão perto de ti e toquei meus lábios no seu rosto e não parei mais. Sabemos que se começamos deveríamos ter parado logo de início, pedido desculpas, dito que era engano, que havia sido de uma estranheza só e confuso demais, mas no momento seguinte já estávamos sentindo falta, um do outro, a cada segundo próximo que já parecia distante demais, não tinha como mentir e esconder essas coisas todas. E sabemos que uma hora tudo isso vai acabar, que logo não restará mais do que já tínhamos antes e talvez uma ferida para acompanhar, junto com esse silêncio todo que essa estória vai se tornar agora.
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Sim, todo amor é sagrado.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
uma última de Amores Imperfeitos
(por Paula Rios )
Lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
Dois amigos bem diferentes e ao mesmo tempo com tanta coisa em comum. Ele era fascinado por números e não ligava muito para tecnologias. Era alto, desengonçado, usava óculos e tinha cabelos lisos e pretos. Odiava ver televisão e sua maior diversão era sacanear sua melhor amiga. Já ela, gostava de ler. Devorava livros e café. Era magra, ruiva e com uma capacidade incrível de ser impactante em apenas alguns minutos de conversa. O que os uniam era o fato de terem crescido juntos e por dividir fantasias de como deveria ser o mundo e a vida deles. Eram surreais em se tratando de paixão.
Ele sempre achou que fosse encontrar a mulher dos seus sonhos casualmente. Que um dia fosse precisar de um taxi na saída do aeroporto e teria que dividi-lo com uma completa desconhecida por ser o único disponível. Que se apaixonariam pelo simples fato do sorriso tímido trocado por terem tocado ao mesmo tempo na maçaneta do carro.
Ela já achava que conheceria a pessoa com quem passaria o resto da sua vida numa livraria ou cafeteria. Que se olhariam e nesse único momento o mundo pararia e pronto, se amariam. Eram iludidos e por isso viviam num mundo que criaram e acreditavam que essas coisas de filme e amor à primeira vista poderiam realmente acontecer. O que não esperavam era se apaixonar um pelo outro, isso simplesmente nunca havia passado pela cabeça deles.
E foi bem simples, nada de dividir taxi, nem se esbarrarem por acidente numa livraria ou algo parecido. Saíram como faziam toda semana. Foram ao teatro, depois numa pizzaria e nesse meio-tempo, ela percebeu que ele era o único que a entendia, que realmente a conhecia de trás para frente. E ele já havia notado faz tempo que era somente com ela que conseguia ser ele mesmo.
Entre pizza, risadas e coca-cola, se olharam fixamente por segundos e perceberam que simplesmente não seria estranho. Ficaram e foi tão natural que na outra semana já falavam em namoro. Porém tinham um receio imenso de destruir a amizade que tinham.
Numa conversa, ela deixou claro o medo de magoá-lo, de decepcionar a pessoa mais importante de seus dias, anos. E ele a olhou muito sério e sussurrou em seu ouvido:
– Meu único medo é de te perder e esse também deveria ser seu único. - ela o olhou estupefata e nesse momento viu uma pessoa que poderia fazer dar certo o plano de uma vida feliz a dois.
O namoro durou dois anos até que ele recebeu uma proposta de emprego numa multinacional nos EUA e ela não pôde ir junto, pois precisava cuidar da sua mãe que estava doente. Então, combinaram de se ver a cada seis meses. Primeiro ele viria e depois ela iria vê-lo. A idéia funcionou por um tempo, mas acabaram terminando.
O tempo passou e anos mais tarde se encontraram sem querer no saguão do aeroporto. Ela estava indo para uma reunião de trabalho em outro Estado e ele chegando dos EUA para visitar os familiares. Por causa de uma tempestade, o vôo dela atrasou e ele resolveu ficar para fazer companhia. Foram tomar um café e colocar a conversa em dia. Ela estava noiva, mas não mencionou em momento nenhum, embora ele tivesse reparado a aliança em seu dedo. Conversaram sobre a vida, o universo e tudo mais. Relembraram estórias engraçadas de escola, de brigas, do namoro e do triste fim de suas vidas juntos. Ela parou por um momento de falar e nesse vazio ele perguntou:
– No que está pensando?
– Nisso! – ela retrucou.
Sorriram, continuaram a conversa e minutos depois se despediram.
Dentro do avião, ela abre a bolsa e encontra um guardanapo dobrado que não havia ali antes, um bilhete dele escrito:
“Muito tempo se passou, mas algumas coisas simplesmente não mudam. Você continua com essa eterna mania de viver bem sem mim. Boa viagem!”
Ela sorriu, mexeu na aliança, dobrou o guardanapo e seguiu viagem.
Quando ele saiu do aeroporto, correu para pegar o único taxi disponível e ao chegar perto, uma moça tocou na maçaneta do carro junto com ele e acabaram por dividir o taxi.
*****
Deixa eu deitar com você
Que a noite é bem melhor, quando eu sonho com você
A... se não fosse o amanhecer e você ficasse aqui
Eu podia te mostrar, tudo que eu guardei pra ti
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