"De que servem as flores que nascem pelos caminhos?
Se meu caminho sozinho é nada..."
Foi nosso primeiro dia morando juntos, nossa casa era pequena e havíamos pensado na decoração de forma quase estratégica: resolvemos deixar o computador no quarto para seus trabalhos e meus estudos, achamos, a princípio, que criaria menos problemas assim. Conseguimos colocar uma boa mesa na cozinha, você sabia como gosto de conversas de cozinha e como me inspiram intimidade, tanto que foi você que sugeriu dessa forma. E nossa sala, com um sofá confortável, mas apenas um sofá, e nossas poltronas,eram duas,uma para cada um.
Aleguei achar um charme as poltronas, você concordou e disse que deviam ser ótimas para leituras, suas leituras viciadas, e assim ficou: nossa sala, um sofá confortável e nossas poltronas separadas, opostas e lindas.
Lembro que cozinhei macarrão, era a única coisa que eu sabia fazer bem, mas o seu paladar defeituoso aceitava qualquer outra coisa, e continuaria aceitando qualquer coisa, mesmo depois de anos.
Ligamos o som, rimos um pouco ao decidir algumas coisas ainda não terminadas, pegamos nossos livros prontos para protagonizar uma cena de um filme cult qualquer. Seu livro, meu livro, minha poltrona, sua poltrona.
Eu não prestava atenção no que lia, você leu a primeira página e parou olhando pra mim. Logo que notei, sorri, fiquei quieta e rindo, com um livro e minha poltrona.
Nesse momento senti a ideia das poltronas completamente imbecil. Saímos dos nossos lugares, sem nem precisar de convite, deitamos no nosso sofá juntos, com nossos livros juntos para nosso momento juntos.
Nossas poltronas charmosas para leituras viciantes, bom, elas nunca mais foram usadas.
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