domingo, 21 de março de 2010

Amores Imperfeitos

Às vezes é assim, tiro o dia para um programa individual, não estou falando do meu novo vício com o twitter. Trabalhei pela manha e fui ao shopping pela tarde, gosto de ir ao cinema sozinha e acredite, é impagável. Tem seu encanto ir com os amigos, tem seu encanto estar de mãos dadas no cinema, mas é diferente de ir sozinha, é revelador ir sozinha.
Sentei esparramada em uma das poltronas centrais, música clássica enquanto o filme não começa e um mega sanduíche gorduroso com Coca-cola e batata frita. Logo temos as risadas, as aflições, os romances, minha camisa suja e tudo mais. Bom, o filme acaba desagradando a maioria, mas eu gosto, acho ótimo o final. Ele acaba sozinho, sem a mulher que estava apaixonado e que era a única que o faria parar em um lugar. Termina também sem amigos. Ele termina sozinho mesmo tendo se esforçado para ter aquilo tudo. As pessoas se levantam e comentam ao sair da sala “que final estranho”. Eu levanto também e rio quieta e feliz, acho sensacional.
Gosto de finais mal fracassados (definição disso é que o mal fracassado vai além do fracasso), aqueles trágicos, onde as pessoas que esperávamos encontrar na cena contente do final do filme, morrem. Ou onde os amores promissores não dão certos.
Não apenas para filmes, mas para livros, para textos, para músicas. Desencontros amorosos são, definitivamente, um charme. Não, não me entendam mal, não acho que seja uma coisa feliz e bacana para se viver, mas é o que existe de mais inspirador.
Entenda o que quero dizer, na vida real, além das melodias e letras, além dos créditos de produção, isso não é legal. Meninas chorando, pote de sorvete na hora da fossa, falta de esperança, noites solitárias em um aeroporto e mensagens bobas em um domingo pela tarde não é uma realidade boa. Mas se esse sofrimento é bom para alguma coisa, bom, é bom para inspirar e fazer da vida um lugar de boas poesias, músicas e romances trágicos que são completamente apaixonantes e deliciosos.
Não venha tentar criar romances desencontrados em sua vida de cheiros, mas se for para me encantar e inspirar, apenas a mim, tudo pode dar errado no final.

*****
Essa semana, se tudo der certo, teremos companhia aqui no blog.

6 comentários:

  1. Era disso que eu estava falando. Amores imperfeitos dos quais todos esperam a felicidade do casal quando eles só dão um beijo e não acontece mais nada. Do sofrimento amoroso, dos desencontros, dos tocos, das desilusões. Acho maravilhoso. E... Ir ao cinema sozinha com certeza é impagável. Mais uma vez, perfeito. Beijinhos

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  2. Espero que o filme que vc assistiu nao seja o que a Lílian escolheu pra gente ver amanhã. (risos)
    Eu concordo com voce, Ana.
    Amo desencontros desse tipo. Mas só na ficção, por favor!
    Ps.: Ta explicado porquê voce acompanha a minha vida... rsrs.
    Beijo! Ótimo texto, como sempre!

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  3. Cara, to indo ouvir Los Hermanos. rsrs

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  4. Quer se casar comigo? Diga não, e isso me inspira o mais lindo e irresistível de todos os textos. Aí, meu bem, você não aguenta. Ráá!

    É mais sem-saída que a história do coco no alto do morro, hauahuahauha

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  5. Como me inspira o doce "amante quase perfeito", onde tudo não é final feliz!

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  6. Se você gosta de livros com romances que não dão certo, tente Alloy of Law. Mistura um pouco de ação, um pouco de faroeste, um pouco de magia bizarra, muita conspiração e um romance que acaba catastroficamente no início do livro e outro no fim.

    Um dos meus livros favoritos, mas eu sou suspeito pra falar. Sou "bitch" do Brandon Sanderson, de qualquer forma...

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