domingo, 24 de fevereiro de 2008

Ouvi dizer que o amor é cego.


Naquela noite o bar não estava tão cheio quanto era de costume. O ar era o mesmo. Um cheiro bem fraco de cigarro de bali, as pessoas conversavam ao som da banda de jazz envolvida pela fraca luz do ambiente.
Essa noite era uma das raras que uma mulher acompanhava a banda com músicas românticas, logo essa noite que eu estava sozinha.
Sentada no bar olhava com freqüência para a cantora e para as pessoas que estavam sentadas nas mesas. Pedi um conhaque. Bebia pensando em coisas que não deveria. Não deveria estar ali sozinha, não essa noite.
Aquele homem que já estava há mais tempo por ali não parava de olhar para mim. Talvez fosse porque eu estava bebendo só, talvez fosse porque ele também estava sozinho. A banda deu cinco minutos de pausa para a cantora descansar, o pianista continuou.
O homem sorriu quando olhei para ele, retribui o sorriso. Voltei a olhar para a bebida, o sorriso dele era incrível, parecia com o seu... Eu deveria parar de pensar naquelas coisas enquanto bebia meu conhaque. Mas aquele sorriso...
Sem que o percebesse sentou ao meu lado, comentou algo sobre o pianista e sobre a música que tocava. Concordei, ele tinha razão sobre o quanto eram bons. Depois disso conversamos mais coisas que me desculpa, não recordo agora.
Não era só o sorriso, seus olhos eram como os seus, seus cabelos tinham exatamente o mesmo tom de castanho, mas não era tão alto. Isso não posso dizer.
Pedimos mais bebida e agora a mulher cantava apenas ao som do piano. Era uma voz linda e cantava a nossa música. Ele me beijou quando a música estava acabando.
A culpa não foi minha, você me deixou sozinha ali. Bebi demais aquela noite e precisava de um toque. Não significou nada para mim, para ser sincera não me lembro do nome dele.
Mas não resisti, vocês se parecem tanto e eu pensava em você quando ele veio. Isso não pode ser considerado infidelidade, trapaça. Ele se parecia com você e eu ouvi dizer que o amor é cego. Não podia resistir a você.


*****

Estou bem.

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