domingo, 28 de maio de 2017
Seu afeto e nossas empadas.
Eu era loira, cabeçuda e meu bisavô era mais novo do que consigo me lembrar. Morávamos pertinho e ele me pedia beijo que estalava. Eu era criança chata e achava isso bem enjoado. Eu beijava, porque também era uma criança educada que dava os beijos estalantes no bisa.
Cada um tem uma preferencia na vida. Tem uns que gostam de dias quentes. Outros de dias frios.
A minha preferencia especial na vida é por empadas. Meu bisa também compartilhava dessa grande sabedoria.
Na época, meu tio era dono de uma fábrica de salgados na cidade, mas meu bisa não gostava que mandassem empadas. Mentira, podia sim, mas apenas se elas não pudessem ser vendidas. Se elas estivessem quebradas, tudo bem.
Eu, particularmente, achava um erro negar empadas.
Então, meu tio fazia várias e várias empadas. Pegava as empadas, dava uma quebradinha proposital e sutil em todas e as enviava ao meu bisavô. Meu bisa me chamava para sua casa e comíamos juntos as empadas "estragadas".
É o maior "efeito em cadeia" de demonstrações de afeto que vivi até hoje.
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