“Não te dizer o que penso, já é pensar em dizer”
Era tarde e se prenderam em uma conversa, sentados livremente em um banquinho. Era tarde, não precisavam falar sobre certos assuntos... Mas acontece, em uma conversa lenta onde cada palavra era embalada por minutos de silêncio e cada resposta era cheia de pensamentos.
Os dois se conheciam bem, muito bem, mas hoje aconteceu mais um daqueles momentos em que um deles chegava e dizia “Preciso falar uma coisa importante sobre mim...” e ficavam quietos, e conversavam dolorosamente sobre assuntos que nunca revelavam a ninguém. Os assuntos deles, cheios de medos e tapas, cheios de coragem para serem ditos.
Ele falava com medo, mas era a necessidade de faze-la conhecedora de mais uma parte de sua vida. Ela poderia deixar de querer conversar com ele, ela poderia chorar e se decepcionar, mas era o risco da verdade e ela era a única que podia escutar seus segredos. Era uma vontade irresistível misturado com um medo de perder, com um medo de ser diferente de tudo o que ela esperava.
Terminam cheios de silêncio, se abraçam um abraço rápido. Saem quietos.
No meio da noite ela recebe uma ligação, ele pedia desculpas por tudo o que disse. Ela fica quieta até ele acabar, ela só responde “Tudo bem, eu ainda te amo”.